Fatores económicos e sociais potenciam casos de suicídio em Angola, afirmam especialistas.

22.04.2021

O projecto “Namibe-Fala Verdade” antecipou o Mwangolé ás quartas feiras do dia 14 para 10 de Abril com o tema em debate: “Suicídios-causa-efeitos. Foram convidados foram o Sociólogo e psicólogo Manuel Zangado Cavela e o Psicólogo Elias Canjeque, que com o seu saber esgrimiram argumentos científicos que sustentam a actual situação de suicídios em Angola em geral e em particular na província do Namibe.

Elias Canjeque, na sua nota introdutória disse que o suicídio consiste num comportamento em uma pessoa por si só, decide tirar a sua própria vida, “partamos pelo pressuposto de que este não é um comportamento normal que isto nos remete a dois grandes conceitos, a normalidade e anormalidade não é normal que um indivíduo por si só decida eliminar a sua própria vida, é preciso que haja motivos subjacentes que estejam por detrás deste comportamento porque cada pessoa tem este prazer de viver, de respirar, de usufruir do dom da vida, inclusive a declaração Universal dos direitos humanos consagra o direito a vida como um dos direitos fundamentais”, disse.

Por outro lado o psicólogo Elias Canjeque, classifica como acusas essenciais que levam uma pessoa optar por este comportamento fundamentalmente duas, “psicológicas e sociais”, começando pelas causas psicológicas: “não é normal que uma pessoa extinga a sua própria vida, é preciso que haja motivos para que tal aconteça”, esclareceu sublinhando as perturbações psicológicas para pessoas doentes suicidar-se, a título de exemplo esofrenia a depressão se uma pessoa tiver deprimida com uma doença crónica que esta lutar por muito tempo também pode levar ao suicídio.
Disse ainda que o factor desenvolvimento também contribui para estes comportamentos negativos que já vitimou muitas vidas humanas no nosso País, refiro-me ao desespero para quem acha que já não tem como satisfazer as suas necessidades primordiais.

“Nem todas pessoas têm a mesma capacidade de se adaptar as circunstâncias, as peripécias que a vida nos oferece, portanto existem muitos motivos que fazem com que uma pessoa opte por esta atitude de eliminar a sua própria vida”, disse o psicólogo Elias Canjeque. O contexto actual que o mundo vive da Pandemia em particular, no nosso País o caso dos decretos presidenciais que estabeleceram o Estado de Emergência e a situação de calamidade pública também criaram algumas frustrações na vida de muita gente, reiteramos que não é um comportamento normal daí que estranha-se ultimamente na nossa sociedade observamos: “como é que uma criança é capaz de tirar a sua própria vida”, questionou levando a uma grande reflexão como é que uma criança que não tem experiencia de vida nenhuma pode intentar a sua própria vida”

“As crianças hoje, sobre tudo aquelas que vivem em contextos muito adversos de desintegração social, um dos problemas que lhes afligem é o trabalho infantil, muitas crianças são submetidas a trabalhos que não são compatíveis a sua idade, a sua inteligência, o seu nível de maturação, isto também pode fazer com que elas se stressem, se saturem e fiquem exaustas e atentem contra a sua própria vida” disse o académico que também aponta a violência doméstica uma das razões que faz com que as pessoas partem para o suicídio, que por causa da exaustão as pessoas perdem o sentido da vida e não entendem o prazer da vida, o prazer de viver.

O especialista em psicologia aconselha e deixa um desafio aos titulares do poder em Angola para que se faça um estudo sobre o caso de suicídios porque entende que são vidas humanas que se perdem, são pessoas que de alguma forma poderiam contribuir para o desenvolvimento do País, e os dados sobre casos de suicídios em Angola são alarmante e urge a necessidade de se inverter este quadro assustador”. Alertou

Elias Canjeque, Foi mais longe, “não ouço de bom grado que exista pessoas a morrer de fome no interior da província do Namibe mas sobre tudo no Município do Virei, isto é muito grave é preciso que as autoridades de direito velem por esta situação da seca e fome que já perdura a muitos anos”. manifestou

Para Manuel Zangado Cavela, na sua abordagem fez saber que o suicídio do ponto de vista Bíblico é um acto condenável e considerado pecado a si próprio,” para nós os cristãos a vida não é nossa, a vida é pertença de Deus, se a vida é dom e quem oferece o dom não somos nós, mas entretanto o suicídio consiste em retirar aquilo que não é seu, retirar a vida que não é sua.

O Sociólogo recorreu as palavras do Santo Agostinho que dizia: “Deus te criou sem ti não vai sem ti, e não te salvar sem ti”. Na sua incursão disse: “cada um tem o seu nível de integração social e os níveis de integração social vão determinar a causa do suicídio, as razões podem ser económicas, afetivas, religiosas”, esclareceu dando exemplo ideológicas e académicas, estas e outras razões podem levar um indivíduo a suicidar-se”. disse Cavela.

Ainda de acordo com o Sociólogo Manuel Zangado Cavela, afirmou que “os casos de suicídios em Angola, muitos são resultados de políticas públicas falhadas do Estado angolano, verso partido MPLA porque em Angola não se consegue distinguir entre o partido e o Estado”, Cavela salientou ainda que a desestruturação das famílias também é um dos fatores que podem estar na base do suicídio, por exemplo como é que fica a situação daquela Mãe que vende tomate Catchãlã, aquela que vende carvão, portanto as razões económicas e sociais também podem contribuir mormente no suicídio. Afirmou realçando por outro lado o caso de suicídio de menores que na ótica do sociólogo Manuel Zangado Kavela o comportamento da criança depende muito da instituição social a que ela está inserida porque vejamos: “uma criança chega em casa passa pelos “berros” da Mãe, a criança chega em casa palmadas contras ela, essa criança por amor de Deus pode levar ao suicídio.” Concluiu

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