NAMIBE FALA VERDADE EM SETE DIAS

22.06.2021

O NFV deu um pontapé de saída, no espaço crítico dos principais acontecimentos registados durante a semana de 13 a 19 de Junho de 2021, vulgo “ NFV em 7 dias”, com Augusto Cativa e seus convidados.

Por: Paulo Fernando

Florindo Cinco Reis, professor Filosofo e Fernando Cassinda, igualmente docente da cadeira de filosofia, são os analistas críticos residentes no Espaço “NFV em 7 dias”, presentes em todas as segundas-feiras das 10 às 11 horas, em directo (LIVE) na nossa página do facebook “Namibe-Fala Verdade”, com a reposição no nosso SITE www.namibefalaverdade.com, produção de Armando Chicoca, co-produção de Fonseca Munene, arranjos sonoros de Edna Mande e imagens de Paulo Fernando.

O aumento do preço do pão em contraste com a descida do preço da cerveja, os casos da patologia “Ndengue”, a gestão do lixo no Namibe, a distribuição dos kits de trabalho aos jovens no Município do Tombwa, o recente Julgamento do antigo vice-governador José Tchindongo António pelo tribunal genérico da Bibala, por acusações de peculato, Associação criminosa e branqueamento de capitais, os 11 empreiteiros incumpridores constituídos arguidos pela PGR-Namibe, são de entre os factos comentados neste espaço.

Florindo Cinco Reis, Comentador “NFV”

Florindo Cinco Reis, chamado a comentar a subida do preço do Pão de 40 para 55 kwanzas e a queda do custo da Cerveja de 200 para 125 kwanzas no Namibe, disse : “ Eu ontem fiz um artigo dizendo que me parece que é mais fácil baixar o preço da cerveja que o preço do pão, não sei se isto é um acordo entre empresários ou se houve a intervenção do governo. Baixa-se o preço da Cerveja e sobe o preço do pão, ou seja, é uma situação bastante difícil que estamos a nos deparar nos dias de hoje porque o povo está a passar fome, e até parece que querem mais nos dar de beber que nos dar comida. Isto fica bastante difícil para a sociedade, porque a quem diga que algumas pessoas pensam melhor quando bebem, não sei se os governantes também estão de acordo com essa teoria”, reagiu sublinhando que:” enquanto jovens, se queremos acabar com o alcoolismo deve-se penalizar tudo que é bebida alcoólica com agravamento de taxas para que não fique fácil o uso deste mal no seio da juventude”, disse.

“Estamos solidários que o governo estude formas de incentivos aos produtores de Trigo e distribuidores da Farinha de trigo para que o Pão e outros componentes que fazem parte da cesta básica cheguem aos cidadãos ao preço mais acessível. Se não houver controlo nesta medida da despenalização da Cerveja ao preço baixo ficando a bebida ao alcance de todos, com o problema social que já enfrentamos a bebida vai ser o refúgio dos jovens e teremos uma sociedade degradada,” concluiu.

Fernando Cassinda, Comentador  “NFV”

Para o Académico Fernando Cassinda, igualmente comentarista do “NFV”, a situação é preocupante.
“ Sabemos que ultimamente a sociedade anda frustrada e baixar o preço da bebida em Angola é patrocinar a frustração da juventude, e não me parece ser esta a melhor forma de gizar políticas sociais que visem engrandecer o nosso País. O que o nosso governo devia ter feito é olhar para essa situação com olhos de ver, quando assim não acontece passa-se a ideia de que estamos a ser governados por cegos, porque a grande preocupação que nesse momento a sociedade tem é mesmo de comida em casa, é para a questão do estômago e não de bebida”, reagiu o Académico.

“Fiquei triste ao ver que enquanto o pão sobe de preço a juventude está nas ruas a festejar porque a bebida desceu, não se compreende o indivíduo depois de beber chega em casa e não tem nada para comer. Há uma contradição tal que não se compreende, talvez devíamos fazer uma leitura, porque a questão do excesso de consumo de bebidas alcoólicas começa tornar-se questão de saúde pública, fere a esfera social, a juventude pode ficar totalmente desnorteada, precisamos ter uma sociedade um pouco mais racional”, disse.

Quanto aos casos anunciados da Dengue no Namibe anunciados pela Ministra da Saúde Sílvia Lutucuta, Fernando Cassinda, disse:

“Nós também fizemos um exercício de análise dando as nossas contribuições nas redes sociais onde alertamos que nos parece que em Angola preocupa-se apenas com a Covid-19, em detrimento de outras doenças mortíferas. A Ministra só mostrou que afinal de conta temos outros problemas, e nós também aqui no Namibe temos visto no hospital Ngola Kimbanda, enchente e não se trata da Covid-19, mais ninguém saiu à público manifestar este problema salvo a Ministra que confirmou esta nova realidade patológica”, disse

“ O número de casos de Dengue apresentados pela Ministra da Saúde diz respeito apenas aos casos intra-hospitalares ou seja aqueles que ocorreram nos hospitais e quanto aos extras hospitalares ou aqueles que ocorreram nos quimbos”, questionou sublinhando que falta-nos capacidade inter-comunicativa.

Para Florindo Cinco Reis, “ comungo da mesma ideia, este número de cinco mil casos que a Ministra da saúde, Sílvia Lutucuta trouxe ao público são casos intra-hospitalares, mortes que aconteceram dentro do hospital e temos aquelas mortes que aconteceram em casa, no bairro, no quimbo, lá longe do hospital em que as autoridades sanitárias não registaram, do ponto de vista real o caso é de cinco mil no Namibe o que significa que morreu-se mais desta doença do que da covid-19 e nós vimos os investimentos feitos contra a Covid-19, enquanto a malária e o paludismo são entre as primeiras causas de morte em Angola”, frisou.

Relativamente ao caso do antigo vice-governador, José Tchindongo António que responde pelos crimes de peculato, corrupção e associação criminosa, cometidos enquanto administrador do Município.

Fernando Cassinda: “ diz-se os ter cometido, segundo acusação da PGR, quando foi Administrador da Bibala e no seu exercício terá nomeado um cunhado de nome Josimar de Sousa, para assessor jurídico do seu Gabinete e que o mesmo nunca chegou de exercer tal função, mas recebia um valor de cento e oitenta mil kwanzas mensal. Devemos criticar esses tipos de comportamentos, quando indivíduos é nomeado para exercer determinado cargo deve ter a capacidade de o fazer e não fazer da coisa pública sua coisa, ou seja, singularizar, particularizar e beneficiar os seus familiares em prejuízo do interesse público ”, reagiu.

“Esperemos pela sentença a ser proferida no dia 1 de Julho. A ser verdade acreditamos que é uma prática indecorosa e os tribunais devem punir severamente todos aqueles que se comportam desta maneira. Ainda há muitos casos destes, mas tal como disse o Presidente João Lourenço, temos que combater essas práticas, muitos governantes viciados com estas praticas do passado lhes fica difícil libertar-se disso mas não há outro caminho para os teimosos se não as barras do tribunal”, realçou.

Onze empreiteiros foram constituídos arguidos pela PGR por incumprimento dos contratos celebrados com o Governo do Namibe, algumas obras já pagas há 100% não existem e outras simplesmente em situação de abandono.

Fernando Cinco Reis, disse que temos muitas obras não acabadas por várias causas que esperas sejam esclarecidas em fórum judicial. “ Sinto que muitas destas obras o financiamento pode não ter chegado ao fim da obra, logo cabe aos gestores da governação anterior da província esclarecer para onde levaram o dinheiro, mas também acredito que os respectivos empreiteiros terão boca para falar em fórum próprio. Também é verdade que para outros empreiteiros houve mesmo incumprimento delibera, talvez abusando a confiança pela aproximação que tinham com os titulares do poder executivo na Província, seja como for eles defraudaram a expectiva e o projecto do governo e devem ser levados á justiça”, reagiu.

Obras a cargo da Empresa Promatec no Namibe

“ É uma boa medida, devem ser levados as barras dos tribunais porque se receberam dinheiro para fazer uma determinada obra então têm que cumprir com esta missão, mas temos também aqueles casos em que o governo não paga a obra ainda a 100%, temos verificado isso nos projectos de intervenção dos Municípios “PIIM” que o governo paga 25%, depois de acabar os 25% paga mais uma outra metade, e nós temos obras que o governo não acabou de pagar, então as empresas também cruzam os braços, temos os casos em que os empreiteiros receberam a 100% dos dinheiros alocados e furtaram-se em cumprir com a sua missão, esses aqui devem ser levados as barras dos tribunais para que possam concluir as obras”, concluiu.

Para Fernando Cassinda, “ sabemos muito bem que quando as obras não são acabadas retardam o desenvolvimento da província e o grande problema que também temos aqui é a questão da fiscalização, acho que o governo devia rever também essa questão, e depois a questão da própria contratação publica que se faz a esses empreiteiros, precisamos de ver quais são os indivíduos que nós vamos dar responsabilidade tanto de fazer a construção por exemplo de um hospital e de outras obras de âmbito social, agora, depois para evitarmos essas coisas de que o individuo tal não terminou a obra, a empreiteira tal não terminou porque há algumas empresas que não são sérias, e as vezes são as mesmas que depois ganham outros concursos, um individuo que já é incumpridor, depois tem mais outros concursos que temos aqui determinar as obras, novamente é o individuo que está a ser contratado, um individuo que não garante confiança não há necessidade de continuar assumir os compromissos com o Estado, é preciso ser um pouco mais responsável naquilo que é a contratação das mesmas, no sentido de nós não estarmos aqui toda hora ir atrás de dessas empresas e depois evocamos aqui a questão de levarmos as mesmas ao julgamento”.

O Namibe terá pela primeira vez um aterro sanitário para gestão dos resíduos sólidos.

Fernando Cinco Reis, disse “ já era a tempo de se construir o aterro sanitário, o que nós temos está muito próximo da população, eu lembro-me que a semana passada passei por aquelas zonas do bairro 4 de Março e vi senhoras e crianças a correrem atrás do Camião de lixo, aquilo é bastante preocupante e se o governo tomou essa iniciativa de construir um aterro sanitário mais condigno, que seja mesmo distante da cidade e das populações, o lixo também gera riqueza e se nós ficarmos em que o lixo é somente lixo, então vamos passar a meter o lixo em qualquer sítio”, Lamentou.

“É necessário que depois de se construir esse aterro sanitário, que se arranje uma empresa para gerir o mesmo aterro, tal conforme vai se fazer em Luanda, porque aterro sanitário não é só para deitar o lixo e fica aí, é necessário que se arranjem uma empresa que faça reciclagem do lixo para que a partir dos mesmos possamos obter riqueza. Louvamos esse passo que o governo do Namibe deu e que não fique somente nos papéis, vamos a prática”, reagiu.

Fernando Cassinda, disse: “O que falta muitas das vezes é a questão da seriedade, bem, gostaríamos que este projecto saísse do papel para a prática porque tem se dito que a prática é o critério da verdade, portanto, veremos também a localização desse aterro sanitário para evitarmos que crianças ocorram nestes locais. Temos cidadãos que vão naqueles amontoados de lixos, fazem recolhas de alguns bens que lá tem, e isso também constitui ameaça a saúde Pública”, referiu.

Corpo diretivo do Fundo de Apoio desenvolvimento Agrário.

O Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Agrário “FADA” no Namibe, garante financiar projecto dos jovens ligados ao setor da agricultura, e muitos jovens pedem a honestidade nos projectos.

Florindo Cinco Reis, disse: “é uma situação bastante recorrente ao que temos vistos porque há muitos projetos que não saíram do papel, principalmente quando se fala desse projecto agrário, temos associações bem constituídas, bem compostas com responsáveis, mas quando os governantes vão ter com essas associações prometem dizendo nós vamos dar isso, aquilo e muitos desses projetos conforme temos dito não saem para a prática, ficam somente pelos papeis, mas já que o FADA vai tomar essa iniciativa é bastante louvável porque nós temos que começar a praticar a agricultura com seriedade, porque esta coisa de depender dos produtos que veem de fora é que fazem que os produtos quando chegam à preços exorbitantes, o governo deve apoiar os nossos camponeses que tanto fazem para que possam meter os produtos as nossas mesas”, disse.

Fernando Cassinda, disse: “sabemos muito bem que o Namibe é uma das províncias que as vezes nós olhamos muito para o peixe enquanto temos varias potencialidades como a agricultura que também devia contribuir bastante na riqueza da nossa província. Vários projectos virados para a área da agricultura fracassaram, há aqueles indivíduos que ficam aí em frente, depois de um tempo tiram as suas benesses, tantos projectos que temos aqui no Namibe muitos deles não tiveram pés para andar. Se este projeto ter resultado que se pretende, é o Namibe que sai a ganhar”, disse.

40 Jovens no Município do Tombwa beneficiaram-se de kits de trabalho no âmbito do programa de promoção da empregabilidade denominado “PAPE”

Jovens beneficiários dos kits de trabalho no Município do Tômbwa

Fernando Cassinda, disse: “os jovens que foram selecionados para ter acesso a esses kits estão associados a algumas organizações politicas e outros não que é uma situação que podíamos muito bem melhorar, quando nós estamos a criar projetos para os jovens devemos simplesmente olhar o individuo enquanto jovem, despido de todo tipo de organização, estamos a falar de órgãos de organização politica, precisamos aqui de separar as aguas, queremos é beneficiar jovens, vamos beneficiar aqueles jovens que têm talentos, aqueles que realmente estão comprometidos com aquilo que é a contribuição para o desenvolvimento do Município, jovens com competência, não é escolher jovens porque tem lá um ciclano ou ciclana, agora, quando nós queremos juntar aqui outras situações, acabamos por estragar, desvincular, desviar aquilo que é o verdadeiro objectivo dos projectos”, manifestou.

Florindo Cinco Reis, disse: “está mais que claro que o governo não tem a capacidade de oferecer esses tipos de kits a todos, é necessário que o governo financie o autoemprego porque está mais que provável que governo nenhum em toda parte do mundo consegue empregar todos. Antes de oferecermos os kits aos jovens o governo deve dar formação profissional para que depois de terminar a formação cada um possa andar com seus próprios pés, essa coisa de fazer estuda para depois esperar o governo, nós temos que esquecer isto, mas o governo também tem que saber se pretende acabar a situação da pobreza em Angola, é necessário financiar o autoemprego, dando formação profissional nos jovens e oferecer esses kits para que possam criar os seus empregos, muitos desses jovens que recebem esses kits também empregam outras as pessoas”, rematou.

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