QUEM LIBERTARÁ OS ANGOLANOS DOS OPRESSORES?
Por: Fernando Kassinda
O título da nossa reflexão sugeri-nos a meditar, que os angolanos continuam refém dos opressores, clamando por liberdade com maior urgência possível. Num país onde quase falta tudo, onde apenas uma parte do seu povo tem acesso à sua riqueza, institucionalizando a pobreza e miséria na sociedade, levam-nos a reflectir seriamente, quem pode um dia libertar-lhe do julgo dos opressores. É certamente nesses momentos de convulsões sociais, que os intelectuais devem procurar respostas para a resolução desses problemas. Não trata-se aqui, de buscar respostas para defender partidos políticos A ou B, mas soluções que antes de tudo, e sobretudo, minimizem o sofrimento dos mais pobres e de todos angolanos.
Não podemos continuar, com as antigas práticas de contratar engenheiros e arquitetos, de países desenvolvidos para erguerem castelos de “barro” em Angola. Essas práticas mostram claramente a falta de compromisso por parte de muitos dirigentes angolanos com a pátria e seu povo. Angola não pode continuar ser fonte de riquezas ilícitas para um grupo de pessoas. Precisamos encontrar um outro endereço para esse país. Para isso, é necessário fazer do angolano um canteiro de obras.
Não é possível reconstruir o país com homens amputados antropologicamente por falta de ética e do civismo. Homens preocupados com seus estômagos, enquanto de fome o povo morre silenciosamente. Daí a origem dos fracassos nos projectos de Angola. Faz-se pensando nos lucros pessoais, sem necessariamente olhar no tempo de vida útil, na qualidade e nos benefícios/utilidade, que possam trazer para à sociedade.
O inócuo e o vácuo parecem caracterizar fielmente muitos desses projectos. Tudo isso, porque construímos hospitais de “ponta” sem técnicos especializados nem medicamentos; pontes e estradas simplificadas que causam mais vítimas mortais, sem falar da falta de manutenção; escolas descomprometidas com a formação íntegra do homem, vocacionadas a passar certificados, mais para o desemprego que autoemprego, em fim, são infraestruturas feitas à imagem e semelhança de quem as concebeu. O fracasso desses projectos, deixam as famílias desestruturadas, promovem a delinquência juvenil, lança mais quadros à prostituição, ao alcoolismo, deixam as crianças nas ruas, promovem a fome e a miséria endémica, causando tensões sociais de todos níveis.
É na convivência e no contacto direto com estes problemas sociais, que não temos como não questionar-se “ Quem salvará os Angolanos dos opressores?”. Talvez a resposta nos seja dada pelo intelectual Paulo Freire ao afirmar que “se a educação não for libertadora o sonho do oprimido é ser ele o libertador”.
Que o sonho de vermos uma nova Angola, seja um compromisso de todos quanto entendem, que é possível devolver a esperança sequestrada na juventude e não só, durante muito tempo. Temos o dever de encontrar um novo rumo e endereço para o país, apoiando ideias que contribuam para esse fim, independentemente das nossas convicções partidárias ou religiosas. Terraplanar as ravinas das convicções de que, o país faz-se apenas com os agentes dos partidos políticos. Assim precisamos entender, que Angola é um todo, e os partidos políticos, são uma parte dela pelo imperativo conceptual e factual que se impõe. Reflexão do Formado no curso não-alinhado para as necessidades do país.