NFV FORA D` HORAS 15-09-2021

15.09.2021

RÁDIO NFV (NOTICIÁRIO) DE QUARTA-FEIRA 15 DE SETEMBRO DE 2021

1-Edital oportunista na Administração Municipal do Namibe contínua fazer vítimas às comunidades locais.

2-Apreensão de um camião contendo sacos de carvão vegetal, cria mal estar entre autoctones e os fiscais do IDF no Namibe.

3-Antigos trabalhadores da Mecanagro no Namibe reclamam a pensão de reforma.

4-Degradação do tecido social e má governação esta na base da onda de manifestações em Angola, dizem académicos no Namibe.

Nós somos à rádio NFV edição de Quarta-feira, 15 de Setembro de 2021, coordenação e produção de Armando Chicoca, edição e técnica de Fonseca Tchingui, apresenta as notícias Luisa Gomes.

Eis o desenvolvimento das notícias.

As comunidades dos vários bairros periféricos da cidade do Namibe estão a ser vítimas de usurpação de terrenos pela Administração Municipal do Namibe que alega estar afiscalizar por intermédio de um Edital. Por conta da pandemia da covid-19 muitos cidadãos perderam o poder finaceiro para dar continuidade as suas obras, como é caso do senhor Eugénio Cahete, que acusa alguns funcionários da Administração Municipal do Namibe de terem embargado a sua obra.

Eugénio Cahete, vítima de expoliação de terreno no Namibe

“A situação neste momento é que atrasei construir, quando ouvi que o governo está a receber os terrenos quando estava a trabalhar no Camucuio, eu tive que vir para construir no meu terreno, meti um muro de 5 fiadas e uma carrada de pedras e areia, depois está a aparecer as pessoas da administração a dizer que esse terreno é do meu colega. Primeiro apareceu o diretor do gabinete jurídico Municipal de Moçâmedes, disse esse terreno é meu, eu disse não, esse terreno é meu, não é vosso, e continuei a trabalhar. Depois apareceu mais um senhor chamado Jetro, encontrou os pedreiros e disse que esse terreno é meu, para de trabalhar, tirou os pedreiros de lá, e quando fui a administração dessa vez disseram que aquele terreno é do Elísio que trabalha no gabinete do administrador Municipal, eu comecei a pensar, o terreno é meu, tem documento e testemunho das pessoas que estiveram lá, e agora estão a dizer que aquele terreno foi mitigado por causa do tempo”, lamentou.

Para além de Eugénio Cahete o Namibe Fala verdade, tem recebido muitas denúncias anonimas de que Administração Municipal do Namibe tem agido a margem de um suposto edital. Outro sim é caso do senhor Monteiro antigo e segundo Comandante Provincial da policia nacional no Namibe e actual delegado do Ministério do interior na província do Uige. que também se vê obrigado a repartir o seu terreno nas imediações do bairro Sayd Mingas II.

A apreensão de um camião contendo sacos de carvão vegetal, cria mal estar entre autóctones e os fiscais do IDF no Namibe. O desenvolvimento desta notícia é com o jornalista Paulo Fernando.

Os Fiscais do IDF e Autóctones no Namibe entraram em colisão, e em causa está a exploração de carvão vegetal por fome, nas comunidades do interior da província do Namibe.

Apreensão de um camião contendo sacos de carvão vegetal cria mal estar entre cidadãos e os fiscais do IDF no Namibe. O facto aconteceu neste último final de semana quando um grupo de cidadãos vindos do interior do Município da Bibala, transportados por um Camião que levava carvão vegetal, foram interpelados pelos fiscais do IDF e Agentes da policia nacional no controlo da saída da cidade do Namibe para a província da Huila, e em consequência disso foram lhes aplicados uma multa equivalente à quatro milhões de kwanzas tal como nos confirma Domingos Rafael Capindi.

“A multa está aqui comigo, vamos pagar quatro milhões e trezentos e sessenta mil kuanzas”, disse.

Luís Fernando, outro cidadão, disse que a venda e fabrico de carvão vegetal, é uma única forma que ele encontrou para sua sustentabilidade por que a fome está mesmo apertar nas comunidades.

“Aqui o que passa é que não estamos a ver nenhum trabalho na parte do governo, agora assim estamos a se remediar com o carvão, fomos aí nas matas aproveitar destes senhores que estão a fazer fazendas, começar a recolher aqueles pau aí, estes paus é que  estamos a recolher para fazer carvão, tiramos de lá para vir aqui no Namibe chegando no mini controlo proibiram o carro com o nosso carvão, agora assim temos não o que nós vamos comer”, disse.

Para além da multa ser exorbitante, o abandalho por parte dos fiscais do IDF Namibe também deixa insatisfeito este motorista, que disse ter apoiado as comunidades para vender o carvão.

“Eu sou proprietário da Viatura, de lá do Kapangombe, onde tem um branco que afastou a terra aparentemente vai fazer uma fazenda, e os povos de lá  estão aproveitar aquelas arvores para fazer o carvão, o carvão é para poder salvaguardar a vida dele já que aqui no sul as pessoas estão a morrer a fome não tem como”, reagiu.

A questão que se coloca neste momento, para onde é que vai o carvão apreendido pelos fiscais do IDF Namibe.

Comunidades Autoctones

Ainda sobre o caso dos Fiscais do IDF e Autóctones, na rota de colisão no Namibe, nesta quarta feira 15 de Setembro de 2021, 11 cidadãos que fazem parte do grosso de produtores de carvão vegetal, entre eles mulheres e homens vieram ao NFV manifestar o seu descontentamento pela avultada quantia de dinheiro que foram multados pelos ficais do IDF na passada sexta-feira, 10 de Setembro de 2021.

“Desde sexta-feira que prenderam o carvão até aqui nunca comeram nada, graças a uma minha vizinha que quando faz papa para os filhos dela, divide um pouco para os meus filhos e minha alimentação também sai ai, o meu marido já é falecido, me deixou com seis crianças e o que me faz sustentar as crianças é o carvão, não sei onde tirar mais dinheiro” disse.

Adriano Ndjilé, motorista da viatura disse nao ter capacidade para pagar a multa ora aplicada.

“Esse 4 milhões Senhor Jesus, vou tirar aonde, ainda que me derem esse tal carvão vou trabalhar quantos anos, então por isso é que eu estava a rejeitar para não assinar essa notificação”, disse.

E as senhoras responsáveis pela produção do carvão, alegaram não terem sido elas a realizar o abate das arvores, mas aproveitaram a lenha já cortada para realizar as suas atividades comercias para mitigar a fome. O Namibe Fala Verdade, contactou a direcção do IDF Namibe sem sucesso.

Os Antigos trabalhadores da Mecanagro no Namibe reclamam a pensão de reforma. Carlos Francisco, é um dos antigos trabalhadores da Mecanagro no Namibe que está há mais de 8 anos sem a pensão de reforma. A Mecanagro foi a antiga empresa de mecanização agricóla agora extinta por decreto Presidêncial.

Carlos Francisco, Antigo trabalhador da Mecanagro no Namibe

“Trabalhei desde 1979 na agricultura e quando chegou a minha altura da reforma me mandaram sentar em casa sem nenhum documento da reforma, sem salario e até agora estou sentado em casa sem fazer nada, e eles só estão a me mandar esperar que o documento vai vir de Luanda e até agora não aparece, eu tenho o meu direito da reforma para ver o bem-estar da minha família em casa, eu não vou estar sentado sem documento nenhum da reforma, e aonde vou tirar dinheiro para mim comer”, lamentou.

A degradação das condições sociais e má governação esta na base da onda de manifestações em Angola. jornalista Fonseca Tchingui.

Esta afirmação foi defendida nesta quarta-feira, 15 de Setembro de 2021, a margem do debate sobre “o direito a manifestção e os processos da PGR resultantes dos incidintes de 30 Janeiro em Cafunfo na Lunda Norte”, promovido pelo NFV. Francisco Candjamba, Advogado e activista civico no Namibe afirma que a razão fundamental da manifestação é degradação das condições e a má governação.

Caso Cafunfo Lunda Norte

“A má governação é que está na causa das manifestações em Angola, ninguém devesse estar acomodado no sofrimento, o sofrimento não acomoda e a essa altura temos que gritar de uma ou doutra forma, a manifestação é uma maneira também de participação do cidadão para influenciar as decisões, o povo quando não acorda os governantes dormem, dormem de que forma? fazem e desfazem tudo contra o cidadão e enchem os seus bolsos porque o cidadão está a dormir”, disse.

Enoque Livulo, Psicólogo, manifesta-se preocupado com o silêncio dos partidos políticos na oposição quanto a situação de Cafunfo.

“Há uma uma impavidez, serenidade das pessoas que poderiam fazer alguma coisa, nós estamos a falar de sociedade civil, estamos a falar de entidades politicas, é necessário que a oposição entendendo que os cidadãos expuseram-se as ruas em função dos seus direitos a serem atropelados, a oposição tinha que fazer alguma coisa, é preciso que a oposição seja verdadeiramente oposição e tenha um posicionamento equivalente a aquilo que eles realmente são” criticou.

Manuel Candolo, igualmente jurista disse que órgãos de defesa e segurança não devem agir de forma inconstitucional quando os cidadãos se manifestam.

“Como é que um país que protege e salvaguarda a dignidade da pessoa humana, quando há manifestações, sai mortes, tiroteios , sai ferimentos, o cidadão tem a amabilidade, tem a prorrogativa de sair as ruas para se manifestar-se sobre um direito que está a ser molestado”.

NFV Ponto final, muito obrigada por nos terem acompanhado nesta hora e nos despedimos com a vontade de voltarmos amanhã, a verdade doí mas liberta, estamos juntos, Apoio NED!

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