MEDIAR DIVERGÊNCIAS: O CASO LISUMBISSA

24.10.2021
MEDIAR DIVERGÊNCIAS: O CASO LISUMBISSA
 
Por: José Gama
 
1.Ao tempo da guerrilha da UNITA, segundo atestam alguns veteranos, haviam quatro figuras que tinham ascendente sobre Jonas Savimbi. O seu amigo Miguel Nzau Puna, a mãe Helena Mbundo, a irmã Judith Pena, e a esposa Catarina Ululi. Há poucos anos, uns amigos sul africanos contavam que numa reunião que tiveram com Savimbi, o líder guerrilheiro teria se exaltado com os seus interlocutores. Contam que naquele momento, um dos seus homens de confiança, que também participava na reunião pediu um ponto de ordem e levou Savimbi para o exterior da sala por uns minutos. Quando ambos regressaram, Savimbi já era outro e mais consensual. Os presentes ficam convencidos que estavam diante de um colaborador que exercia alguma ascendente sobre o líder da guerrilha. Este colaborador atendia pelo nome de guerra de Lisumbissa ou LSB (Lima Sierra Bravo), mas nas lides diplomáticas: Isaías Samakuva
 
Quando Savimbi, faleceu, Isaías Samakuva, na altura baseado em paris, fora também a figura que os seus colegas investiram para juntar todas as “mantas” partidárias que se encontravam repartidas entre “renovadores” os “das matas”, os “da cidade”, os do “exterior”, e etc.
 
2.Neste mês, por imposição do acórdão 700/2021, o brigadeiro Lisumbissa voltou a ter a mesma missão. Desta vez para gerir uma virtual “divisão” exportada para o seu partido. Paralelamente a imposição do acórdão foram criadas paginas no facebook Folha-9 (que se confunde com F8 de William Tonet), em que o seu nome de Samakuva era enaltecido por estar de regresso; analistas dos media do regime teciam comentários apoiando-se na sua imagem dando a entender a existência de um alinhamento ao MPLA; as contas bancarias da UNITA que antes estavam vetadas foram parcialmente aliviadas para se colocar em duvidas a sua figura.
 
3.No interior do seu partido, Samakuva ressurgia uma ala juvenil pedindo-lhe para se manter na presidência da UNITA, enquanto outra sugeria que deveria falar fazendo um pronunciamento condenando o uso do seu nome pelo marketing do regime. Não o fez.
 
4.Antes da convocatória da reunião extraordinária realizada nesta terça-feira comunicou aos “mais velhos” da UNITA que não tem planos de regressar a presidência do partido, uma vez que está centrado na conclusão dos seus dois volumes de memórias. Convocou a Comissão Politica da UNITA para discutir se realizavam ou não o congresso. Levou o tema a votação. 222 dos membros votaram pelo congresso agendado para 4 de Dezembro, e com isso mandou recado que não tem o seu partido dividido, e que 94% dos membros tem a mesma posição. Voltou a declarar que o acórdão 700/2021 do TC, é politico e que visou “dividir a UNITA, travar o movimento social para a mudança e impedir alternância em 2022”.
 
5.Enquanto trancados no Sovismo, a media oficial recebia orientações para explorar
eventuais contradições ou rixas, sejam da UNITA como de seus simpatizantes, ou de “revus” para propaga-los como força política “arruaceira” ou “violenta”, para se encaixar com o discurso do Chefe da Casa de Segurança que veem acusando a oposição de instabilidade. A pretendida “instabilidade” da reunião da UNITA não aconteceu. Samakuva tratou de fazer a votação, lançou os resultados para fora. As “brigadas digitais” e “gabinetes de odeio”, ficaram a divertir-se com os resultados da data do congresso, e enquanto isso, a UNITA continuou trancada no SOVISMO a debater outros pontos da convocatória, até meia noite.
 
6.As TPAs e Zimbos, Carlos Alberto, perderam se na procura de registro de violência ou coisas negativas. Nesta missão de “buscas e percas”, tiveram uma outra perca. O registro do aperto de mão entre Adalberto Costa Jr e José Pedro Katchiungo, recém regressado do interior do país.
 
7.O acórdão 700/2021 do TC, ao invés de dividir, acabou por unir mais os seguires de Savimbi, reiterando o publicou o Africa Monitor, no seu artigo: “Afastamento de líder da UNITA sem efeito pretendido pelo regime”, em que enumerava três efeitos não alcançados.
 
1 – “Privar a UNITA do seu principal elemento de mobilização”
 
2- “Paralisar o projecto da Frente Patriótica Unida (FPU)”
 
3- “Confundir a sua base de apoio; e fazer esmorecer a sua confiança”

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