“MWANGOLÉ FALA VERDADE” DEBATEU A PROBLEMÁTICA “EXPROPRIAÇÃO DE TERRENOS NAS COMUNIDADES DO NAMIBE

09.10.2021
“MWANGOLÉ FALA VERDADE” DEBATEU A PROBLEMÁTICA “EXPROPRIAÇÃO DE TERRENOS NAS COMUNIDADES DO NAMIBE
 O Mwangoê as quarta-feiras debateu á 6 de Outubro de 2021 a problemática da expropriação de terrenos que anteriormente tinham sido distribuidos aos cidadãos, que por razão obvia, as obras encontram-se inacabadas, apesar dos impostos de cinza pagos, maioritariamente justificam a crise finanaceira com os efeitos da pandemia.
Por: Paulo Fernando
São várias queixas o NFV foi registando ao longo deste ano de 2021, algumas das quais a usurpação de terrenos de uma empresa “Jericó” por parte de um Padre Católico que se presume ter utilizado croquis falsos de um campo de futebol de um bairro, a expropriação do terreno do antigo  Director de Urbanismo e habitação Ambrosio Mitendo que se presume ter sido vendido a terceiros por um milhão e quinhentos kwanzas, o Terreno do antigo segundo Comandante da policia no Namibe, actual Delegado do Minint e Comandante Provincial do Uige, Comissário Monteiro.
Eugenio Cahete, é outro cidadão que viu o muro de vedação do seu espaço destruido na calada da noite, sem qualquer documento, acto atribuido a um presumivel funcionário da Administração Municipal de Moçamedes que atende pelo nome de Elisio que segundo o visado manifestou-se ser ja dono do referido espaço.
Contactado o Administrador Municipal de Moçamedes Carlos de Sá, alegou desconhecer de tudo isso e sublinha estar fora da provincia do Namibe.
O Governador do Namibe Archer Mangueira, contactado pela nossa equipa, mostrou-se receptivo em receber todas inquietações dos cidadãos que se julgar estar lesado neste processo de terrenos e aconselhou o Arquitecto Ambrosio Mitendo, um dos visados,a apresentar recurso aquela instancia que assim o procedeu.
Apesar disso, a campanha de usurpação de terrenos por parte dos funcionarios da Administração Municipal de Moçãmedes continua a sua marcha irreversível, a julgar pelo número de pessoas que procuram o NFV para se desabafar.

 

Sem tabus, o convidado deste espaço, Reis Mbulundango, jurista e residente no Municipio do Namibe disse ser conhecedor destes meandros que enriquecem ilicitamente os funcionários da Administração local com vendas ilicitas de terrenos aproveitando-se abusivamente do edital em curso.
Quando a administração quer demolir uma determinada obra tem que ter um documento jurídico ou apenas destrói sem respeitar  os princípios da lei, questionou o moderador

Reis Mbulundango, jurista

“O terreno é propriedade originária do Estado, tal como consagra o artigo 98 da CRA, e o Estado reconhece e garante o direito de propriedade privada sobre os particulares, o novo edital que fala da expropriação de terreno o seu executor não cumpri na íntegra conforme orienta o edital, porque a lei de terras 21/92 de 28 de Agosto, ela regula como é que pode se ceder um terreno a um particular e como se não bastasse existe na Administração pública do Namibe um monopólio de exploração, existe um negócio dentro da Administração pública, negócios ilícitos. Hoje em dia quando é expropriado um terreno de um particular que não cumpre os pressupostos legais, pressupostos legais esses que não existem documentos jurídicos para poder retirar um terreno a um particular, mas há uma contrapartida, o Estado para implementação desse edital na íntegra, o Estado deve se organizar, é feito o mapeamento de alguns terrenos que foram cedidos aos particulares com o objectivo de construção de uma residência ou um empreendimento comercial, o Estado não garante ao cidadão as condições básicas necessárias para que  possa erguer uma residência ou moradia, esclareceu Reis Mbulundango, jurista convidado do Mwangole Fala Verdade.

“O Estado cede terreno a particulares, mas não cria as condições, de saneamento básico, não tem condições de escolas, hospitais e de segurança pública, não tem nenhuma unidade policial e normalmente o Estado dá terreno ao particular a dois, três, ou quatro km da Sede, onde o particular com a sua família têm que percorrer km para poderem encontrar a educação, saúde, não há aquela ambição no particular no que tange a construção de uma residência com rapidez porque também a vida não está fácil, passando 5 anos o edital vem dizer logo que o terreno pertence ao Estado como consagra o artigo 98, deve ser tirado do particular, essa é uma febre que vivemos na província do Namibe, mas o Estado deve se organizar, não pode ceder terreno sem meter as condições básicas que é a Luz, a água, o saneamento básico, uma unidade policial e um posto médico, nós estamos com esses problemas na província do Namibe”, disse

O  Mwangole Fala Verdade colocou no ar o audio do cidadão  Eugenio Cahete, que lamenta o seu espaço ter sido invadido e destruido na calada da noite por um funcionário da Administração do Municipal de Moçãmedes, bairro Saidy Mingas II que agora abusivamente reivindica ser dono do espaço.

Eugénio Cahete, Vítima de usurpação de terreno

“A situação neste momento é que atrasei construir, quando ouvi que o governo está a receber os terrenos, eu estava a trabalhar no Município do Camucuio, tive que vir para construir no meu terreno, meti um muro de 5 fiadas e uma carrada de pedras e areia, depois está a aparecer alguns funcionários da Administração de Moçâmedes a dizer que esse terreno  não é meu. Primeiro apareceu o diretor do gabinete jurídico da Administração  Municipal de Moçâmedes, disse esse terreno é meu, eu disse não, esse terreno é meu, não é vosso, e continuei a trabalhar. Depois apareceu mais um senhor chamado Jetro, encontrou os pedreiros e disse que esse terreno é meu, param de trabalhar, tirou os pedreiros de lá, e quando fui a Administração dessa vez disseram que aquele terreno é do Elísio que trabalha no gabinete do Administrador Municipal, eu comecei a pensar, o terreno é meu, tem documento e testemunha das pessoas que estiveram lá, e agora estão a dizer que aquele terreno foi no edital  por causa do tempo”, lamentou.

O que tens a dizer em relação ao depoimento de Eugénio Cahete?

Reis Mbulundango, jurista

Reis Bulundango: “Eu acho que foi lhe violado um direito, porque já tem um muro de 5 fiadas e o edital não fala aquele que já tem um muro de 5 fiadas lhe é retirado o título de cessão de terreno, há alguns pressupostos legais que devem ser cumpridos por parte da Administração pública porque a administração pública presta mesmo serviços ao cidadão, na pessoa do que ouvimos foi lhe violado algum direito que na qual não pode ser lhe tirado o terreno, porque ele já pós alguns meios dentro do terreno e o edital só fala de todo terreno sem nenhum índice de aproveitamento, se tem aproveitamento não vejo nenhuma relevância jurídica da Administração cessar o contrato que celebrou com o indivíduo de o ceder o terreno, não vejo nenhum motivo”, reagiu.

“Neste caso a lei é clara,  abuso de poder ele cometido pode resultar também em detenção, portanto,  não vejo nenhuma relevância o diretor da administração agir assim de má fé, é lógico que esse é o momento em que a Administração tem que rever os seus funcionários no sentido de agir na letra da lei e não pelo abuso de poder e tudo mais ”, frisou.

Comandante Monteiro está a ser obrigado a repartir o seu espaço com uma outra pessoa

Sobre o caso do comandante da polícia na província do Uíge  que também  reclamou  do seu terreno, ele tem a licença de 2020 começou com a obra, e está a ser obrigado agora a repartir o seu espaço com uma outra pessoa a quem eles cederam outra licença para o mesmo terreno em 2019, Reis Mbulundango respondeu:  “as licenças têm prazo, os prazos normalmente é de um ano e na fase da pandemia que estamos a viver por exemplo começamos com o Estado de emergência, depois Estado de calamidade, e no Estado de emergência ninguém poderia fazer absolutamente nada, logo a licença não estaria a contar nesse momento porque a lei é clara que todo aquele que estava no Estado de emergência não podia fazer nada. Nesse exato momento o comandante Monteiro tem razão, e não pode dividir o terreno, isso é um negócio ilícito que acontece dentro da Administração pública, pelos funcionários da Administração pública, é um negócio ilícito”, frisou.

Os funcionários cometem erros e quem assume são os titulares.

Reis Bulundango: “evidentemente que quem assume são os titulares, também não é de boa fé o que acontece entre o padre a expropriar de um terreno que não é dele está agir de má fé como sacerdote, aquele que é o mensageiro da palavra de Deus, eu acho que não deveria passar por esses caminhos são obscuros não caminhos da legalidade, portanto, é aquilo que agente vem a dizer de que alguns funcionários da administração pública criaram um monopólio lá dentro, fazem da administração como se fosse seu comércio normal, vendem terreno quando eles quiserem bem entender, e não é assim, a lei assim não permite porque o terreno é do Estado, o Estado é que deve ceder ao particular, e ele é um prestador de serviços, e acontece de forma diferente dentro da Administração do Namibe”, comentou.

Um olhar as nossas centralidades, contruidas pelo Governo angolano. “não se precaveu esquadras policiais para a garantia da segurança publica, não se construiu espaços para Igrejas, bombeiros e outros serviços complementares. Alguma justificação nestas falhas?

“Isso não é só uma febre a nível provincial, mas também a nível nacional, é que normalmente o governo não tem reuniões de auscultação, porque cria-se bairros sem as condições básicas, cria-se centralidades sem as condições básicas, normalmente quando está a se fazer uma centralidade tem que se fazer o mapeamento onde é que vai ficar uma unidade policial que consegue dar conta da centralidade no geral, tem que estar num sítio estratégico e os serviços de proteção e bombeiros também tem que estar num local estratégico, o hóspital, as escolas, isso tudo, como se não fosse também as igrejas que são parceiros sociais do Estado que do ponto de vista contribuem para a moral e cívica do cidadão, mas não acontece nas nossas centralidades, não temos igrejas, mercados, hospitais, temos apenas um posto que não consegue atender a demanda da própria centralidade, não temos uma unidade policial nem de serviços de bombeiros, e nós estamos a ver que isso é uma constante”, lamentou.

 

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