MUACHILELA JORNALISTA EXTRAORDINÁRIO

23.05.2023
Deixou um vazio que será difícil de preencher
Por: Sousa Jamba (jornalista)
O primeiro encontro que tive com António Muachilela, o ilustre jornalista da Rádio Nacional de Angola que faleceu recentemente, ocorreu no Bailundo. Cruzei-me com ele enquanto jantava num restaurante perto da casa da minha sobrinha, Mena, local que visitava frequentemente. Ele possuía uma personalidade vibrante e muito marcante, ironicamente autodeclarando-se o melhor locutor de notícias de Angola. Ao se apresentar, ele compartilhou que era originário de Nharea, em Bié, informação que me cativou instantaneamente.
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, barba, a sorrir e sapatos brogue tipo asas

António Muachilela, então jornalista da Rádio Nacional de Angola

Muachilela e o seu colega, Africano Neto, eram visitantes assíduos da Aldeia Camela Amões. A camaradagem entre os dois jornalistas me fascinava, provavelmente forjada por suas experiências compartilhadas durante a guerra. A solidariedade entre eles era realmente admirável, refletindo um forte sentido de companheirismo que se mostrou genuinamente inspirador.

Tive a oportunidade de passar algum tempo com Muachilela, Africano Neto e Nok Nogueira na Camela Amões. Nossos encontros eram permeados por discussões políticas interessantes e histórias cativantes. Muachilela encarnava o espírito de um jornalista angolano, combinando uma curiosidade intelectual com a sagacidade prática. Ele podia discorrer eloquentemente sobre política internacional e, na mesma conversa, dar dicas sobre como cultivar bananas eficientemente numa aldeia.
A crônica de Africano Neto, lida por Muachilela na Rádio Nacional, era especialmente digna de nota. A entrega dramática de Muachilela dava profundidade ao texto escrito, tornando-o vivo e cativante. A sinergia colaborativa entre Neto e Muachilela era impressionante, fortificada por uma amizade genuína que me marcou bastante.
Durante uma viagem a Katchiungo, minha vila natal, pude perceber o quão estimado Muachilela era. Tínhamos feito uma parada para comprar uma bebida favorita dos jornalistas numa loja local. Ao sairmos, encontramos a Dra. Adelaide, uma professora de teologia no Seminário Missionário da Missão do Dondi. Seus elogios efusivos a Muachilela corroboraram a autoproclamada aclamação que ele fizera no restaurante em Bailundo.
A notícia da morte de Muachilela me tocou profundamente, principalmente quando começaram a surgir homenagens que exaltavam suas virtudes e realizações. Apesar de nossas interações terem sido breves, ele deixou uma marca indelével em mim. Ele compartilhou comigo seu amor pela vida rural e expressou o desejo de se estabelecer em Bie para liderar projetos de desenvolvimento em suas regiões rurais.
Antonio Muachilela, um jornalista extraordinário e um homem ainda mais notável, deixou um vazio que será difícil de preencher. Sua paixão, entusiasmo e compromisso com o jornalismo e a vida rural eram verdadeiramente impressionantes. Os meus pêsames à família e amigos em luto…

Recentes

NFV FORA D` HORAS 19-09-2024

Noticiário NFV, edição de quinta-feira 19 de Setembro de 2024 com os seguintes: 1 - Ex-moradores do bate-Chapa vivem momentos dificeis no bairro 4 de Março; 2 - Ministério do Ambiente, adverte população de Luanda, Cabinda e Namibe, devem evitar consumo de muluscos por...

CIDADE DO LUBANGO VISTA DE NOITE

Lalipo, lalipo, lalipo Lubango, lalipo, lalipo, lalipo Lubango. Por: Armando Chicoca "Silivindela" A capital da província da Huíla, "Lubango" continua a pipocar uma imagem sumariamente agradável, capaz de confundir os tugas que em 1974 fugiram do país. Valeu a...

NFV FORA D` HORAS 18-09-2024

Noticiário NFV, edição de quarta-feira 18 de setembro de 2024, com os seguintes tópicos: 1 - Governador do Namibe diz que legado de Agostinho Neto é honrado com políticas do Executivo que visam melhoria da vida das pessoas; 2 -  Namibe: Procurador Tadeu Vasconcelos...

pergunta, sugere, denuncia, contribui

Jornalismo com tempo e profundidade faz-se com a tua participação e apoio.

Share This