Vinte e sete igrejas foram encerradas no Namibe, na semana finda na cidade capital da província no âmbito da operação restauro que visa pôr cobro a proliferação de seita religiosas e igrejas ilegais.
Por: Fonseca Tchingui
O Director do Gabinete provincial da Cultura, Turismo e Ambiente do Namibe, Pedro Hangula, disse ao NFV que a operação restauro visa trabalhar junto das comunidades, mais propriamente olhar para o exercício da actividade religiosa aqui na nossa província.https://fb.watch/ki9XKPVGeK/
“Já encerramos quinze templos porque nós não estamos só a trabalhar com as seitas que são aquelas que não estão legalmente autorizadas pelo Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos do ministério da Cultura e Turismo, mas também, estamos a trabalhar com aquelas igrejas que apesar de estarem legais mas têm alguns templos que não possuem as mínimas condições para o exercício da actividade, estamos a falar de igrejas que estão cultuar em quintais, algumas estão a cultuar em armazéns que não possuem arejamento suficiente, não saídas de emergência, não possuem o mínimo de condições de saneamento, me refiro as casas de banho para os fiéis, algumas delas têm templos de chapa sem nenhuma ventilação”, disse.
De acordo com aquele responsável, a medida visa também combater a violência sexual praticada por alguns líderes religiosos.
“ Também estamos a trabalhar para acabarmos com os casos de violência sexual que alguns líderes religiosos vão cometendo com os seus fiéis, temos o caso de agressões físicas, temos casos de pastores que atentam contra os direitos das crianças, como por exemplo nós temos estado a verificar pastores que acusam os seus filhos de feitiçaria, de bruxos etc. então são questões que nós estamos a trabalhar não só, com os templos mas também com aqueles que dirigem estas igrejas, sabemos que a bíblia nos diz que o bom pastor cuida das suas ovelhas. Nós não estamos a encerrar só seitas, estamos a encerrar também as igrejas legais com templos em péssimas condições, também estamos a encerrar, é preciso que se deia esta nota”, esclareceu.
Por outro lado, Pedro Hangula confirmou a existência de mesquita e islâmica no Namibe.
“ Nós temos sim, mesquita já aqui no Namibe, das quarentas e seis igrejas reconhecidas pelo estado angolano aqui na província do Namibe destas, temos uma igreja messiânica e temos uma igreja islâmica que estão legais, pese embora nós não estarmos acostumados com esse tipo de congregações porque sabemos que alguns dados apontam que noventa porcento da população angolana é maioritariamente cristã, então quando nos deparamos com outras actividades religiosas que não sejam o cristianismo acabamos por ver de alguma forma beliscado aquilo que nós estamos acostumados, estão legais, e o Estado angolano é laico”, frisou.
E na visão do académico, Juvenal Bartolomeu, a operação resgate veio por bem, no sentido de repor a legalidade com relação a essas denominações que até então não estavam a funcionar de acordo a lei.
“A operação resgate na minha óptica veio por bem no sentido de repor a legalidade com relação a essas denominações que até então não estavam a funcionar de acordo a lei. É bem verdade, que muitas das denominações religiosas pese embora estarem legalizadas algumas, outras não estão legalizadas e também nós temos situações em que muitas das igrejas têm os seus cultos em infra-estruturas que não apresentam qualidades exigidas para que pessoas possam se reunir em nome de Jesus, possam adorá-lo como Senhor Salvador”, asseverou.
Indagado sobre o surgimento do islamismo no Namibe disse que é já notório.
“ Sim, realmente começamos já a notar o surgimento de algumas seitas ligadas ao islamismo, mas aqui deve-se levantar um ponto essencial, o governo deve monitorizar essas igrejas no sentido de que se é que essas igrejas vão se firmar, vão se fixar no nosso território possam se fixar devem desenvolver os seus cultos a nível dos padrões exigidos por nós, devem ter os documentos essenciais”, confirmou o académico.
A operação estende-se aos cinco municípios da província do Namibe.
Face a mesma operação Doze (12) locais de culto, alguns em pleno deserto, foram encerrados, Domingo 30 de Abril de 2023, pelas autoridades, no terceiro dia da Operação Restauro.
Neste Domingo, as autoridades realizaram vistorias nos bairros 5 de Abril, Boa Esperança I, II e III, tendo sido constatadas igrejas ilegais, templos sem documentos, infra-estruturas inadequadas, falta de ventilação e péssimas condições do saneamento básico.
A operação, com duração de 60 dias, visa repor a legalidade, a ordem e a tranquilidade no seio da comunidade, catalogar de forma exacta o número de denominações religiosas na Província do Namibe, combater a construção anárquica, travar a proliferação de seitas e igrejas, poluição sonora, combater práticas que atentam contra os direitos humanos como abuso sexual contra menores, a difamação e calúnia.