O fórum dos membros do conselho das comunidades que reuniu nesta segunda-feira,8 de Maio de 2023, no auditório da Universidade do Namibe os vários actores sociais para a reflexão sobre a contestação do regresso do nome colonialista de “Moçâmedes”.
Por: Fonseca Tchingui
A mudança do nome suscitou fortes debates em recente conselho de auscultação do governo provincial,orientado pelo titular da pasta Archer Mangueira, cujos participantes sugeriram a mudança urgente do nome da cidade capital da província, por o actual ( Moçâmedes) homenagear uma figura do então regime colonial que foi um protagonista da deportação dos angolanos para a escravatura. Para a historiadora professoras Rosa Cruz e Silva, convidada de honra ao encontro,a mudança de Moçâmedes para Namibe, visa exaltar as figuras endógenas da história angolana, antes vilipendiadas, maltratadas e Ignoradas nas narrativas dos portugueses.
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“Com proclamação da Independência nacional coube-nos o direito de exaltar as nossas figuras endógenas da nossa história, antes pelo contrário vilipendiadas, maltratadas, ignoradas nas narrativas dos portugueses. O que assistimos no caso do Namibe que voltou no caso do Namibe voltou a Moçâmedes é mais paradigmática se não estou em erro, é o único que foge a regra. Daí o interesse das autoridades desta província em voltar ao debate deste tema de modo a que consigamos penetrar no âmago das questões num exercício salutar em que centraremos a nossa análise no conhecimento que se aduzir da trajectória histórica desta província”, explicou.
A historiadora esclareceu ainda que a mudança dos topônimos oriundos de Portugal representa um acto de afirmação da nossa soberania.“As mudanças dos topônimos oriundos de Portugal representa um acto de afirmação da nossa soberania.Impunha-se devolver a dignidade e da cultura e da história dos angolanos, deixar para atrás a vergonha dos nomes bantus que foram obrigados a desaparecer para se substituir pelos nomes de acordo com as teorias coloniais, pois no seu entender deste modo passariam ao escalão alto segregacional. Não conhecemos as razões nem a fundamentação científica desta terrível mudança, pois o protagonista em causa, o Barão de Moçâmedes que se pretende homenagear não tem nada a seu favor antes pelo contrário, os actos de governação neste período concreto da nossa história, estamos a falar das campanhas para a expansão das colônias aos espaços dos antigos reinos do que viria ser Angola um protagonista que apoio e desenvolveu o tráfico de escravos bateu-se pela transformação de modos operantes da população cuval que resistiu fortemente para manter a sua soberania. Não há explicação mais plausível que não seja voltar a celebrar a violência dos conquistadores. Saibamos valorizar a história e a história dos povos que integram Angola e possamos doravante sem qualquer tipo de preconceito aceitar a obra dos próprios africanos, a obra dos angolanos”, esclareceu.
A antiga ministra da cultura recomendou que “a toponímia local deve ser estudada valorizada porque ela pertence ao nosso sistema de valores, representa uma das facetas do vasto patrimônio sócio cultural de Angola“.
A historiadora foi mais longe ao afirmar que qualquer toponímia não deve lesar os valores, princípios e sobretudo a razão da independência nacional e é urgente inverter o quadro.
“Bingo-Sungo Bitoto, era designação dos homens da terra, que virou angra do negro e depois para homenagear o governador Barão de Moçâmedes, a terra ficou baptizada de Moçâmedes com a independência. A mudança operou-se capital com o mesmo nome passou a designar Namibe, para celebrar e homenagear o deserto que acolhe esta linda localidade. Não conhecemos as razões nem a fundamentação científica desta terrível mudança”, criticou.
INTERVENÇÕES DOS MEMBROS DO CONSELHO DE AUSCULTAÇÃO DE COMUNIDADE NO NAMIBE
O Sociólogo Ildeberto Madeira disse que homenagear bandidos, aqueles que promoveram o tráfico de escravos de Angola para o brasil é humilhar o angolano.
“O barão de Moçâmedes, quem o fez ressuscitar que vai o enterrar agora, tem que ser enterrado, porque este senhor mandou menina, meninos e homens para lá e muitos morreram no oceano atlântico, ele foi um bandido nós estamos homenagear um bandido, nascido no bairro da faca vou continuar bater-me”, disse.
Arrim Tachon esclarece que num passado recente tinha sido expulso do Conselho porque alguém Governante sentiu-se tocado pelo erro cometido.
“Este tema foi motivo de retirado o Arrim do conselho provincial, um grupo de neoliberais introduzidos no governo representantes do colonialistas portugueses aqui, e o que mais me indignou quando levantei o tema e o senhor governador na altura disse que não entendo história, não conheço história. Os ditos macabros reúnem-se às 9 horas e mandam convocatória às 12horas e todos eles a festejar”, afirmou.
Membros do conselho provincial de auscultação da comunidade defendem regresso do nome do Namibe como capital da província e opõe-se contra Moçâmedes. Entretantou o governo da província do Namibe constituiu já uma comissão para um estudo mais profundo da toponímia da cidade capital da província do Namibe.
O fórum, que foi presidido pelo governador Archer Mangueira, propõe alargar os debates às comunidades locais para reunir consensos sobre o nome de Moçâmedes ou Namibe, a capital desta província do litoral sul de Angola.
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