Os jornalistas não noticiam as violações no lugar santo, preferem fofocas e calúnias.
Por: Fonseca Tchingui
Dom Dionísio Hisilenapo, considerou de desumano e desrespeito pelos mortos a forma como alguns cidadãos têm vandalizado o cemitério municipal, violando os jazigos e campas com o propósito de extrair chumbo e vender.
O prelado católico à margem da homilia em homenagem aos defuntos disse que tanto os que invadem o cemitério e destroem os jazigos com o propósito de se apoderarem de joias e chumbos, bem como os que compram as respectivas joias, todos cometem o pecado.
Condenou igualmente as mulheres que por suposta razão de pobreza também vão ao cemitério recolher ossadas humanas para fazer delas lenha para confeccionar alimentos.
O prelado disse que a sociedade angolana no Namibe não pode aceitar este comportamento de ânimo leve, devemos condenar este comportamento estranho aos nossos valores e virtudes.
Dom Dionísio Hisilenapo, Bispo do do Namibe
“ O país está mal, o país está doente e não podemos continuar desta maneira. Não podemos continuar com esta situação social degradante das famílias aliada a perca de valores morais éticos e culturais, o que tem levado muita gente a enveredar por práticas nocivas a sociedade”, disse.
“A extracção de ossadas humanas nas campas dos cemitérios para confeccionar alimentos, bem como a vandalização das mesmas para retirada de chumbo e joias para a venda, tem sido uma prática constante no cemitério Municipal do Namibe”, descreveu
“Eu não consigo compreender como é que um angolano e uma angolana pode fazer isto, porque a nossa cultura, os nossos valores respeitam os mortos. Não se percebe que alguém saia da sua casa venha até ao cemitério para cavar e retirar chumbos das campas para vender. Papás e mamãs ajudem-nos a denunciar estas práticas, temos que nos perguntar para onde estamos e para onde vamos”, questionou .
“É preciso que saibamos que os jardins públicos, os cemitérios e outros bens fazem parte da cidade, os cristãos que são a reserva moral da sociedade devem fazer o seu papel para que a natureza sobreviva da violência humana”, aconselhou o prelado.
“Temos a obrigação de fazer alguma coisa. Uma questão que me preocupa tem a ver com a vandalização dos cemitérios, vocês têm ido ao cemitério do Calumbiro, viram o estado em que encontra-se as campas? É bom invés enquanto irem para lá constatar o que esta acontecer, o país do ponto de vista humano está mal, não estou falar da governação mas sim dos valores humanos”, disse.
Dom Dionísio Hisilenapo realçou ainda que os jornalistas no Namibe são coniventes destes males que assolam a província porque não dão voz as pessoas denunciantes.
Campas Vandalizadas no Namibe
“Os jornalistas devem noticiar estes assuntos, visando alertar, denunciar e informar os cidadãos do que se passa.A rádio, televisão e outros jornais não devem só publicar calúnias e fofocas”, concluiu.
A missa campal pelos defuntos decorreu defronte ao cemitério Municipal no bairro Mandume.
Sténio Savazuka, secretário provincial do conselho da juventude no Namibe, vê com preocupação a vandalização dos cemitérios actos praticado lá por jovens irresponsáveis.
Stenio Savazuka, secretário executivo do CPJ-Namibe.
“Refiro-me aos jovens que têm estado aqui a vandalizar o cemitério subtraindo chumbos e mármores, de igual forma as senhoras que retiram ossadas deste cemitério para confeccionar alimentos em suas casas, é com muita tristeza que ouvimos isso da boca do Bispo da diocese do Namibe e aproveitamos para apelamos a sociedade a abster-se destes actos.
Para o psicólogo clínico Eduardo Jaime Cambinda, fiel da igreja católica no Namibe, estamos perante um comportamento anti- social.
“Estamos diante de uma crise de valores, crise de existência enquanto seres humanos, a África não é caracterizada com este tipo de comportamento, nós por natureza respeitamos os nossos ente- queridos sabemos que os africanos desde os primórdios praticaram o animismo, animismo é respeitar os mais velhos que passaram e praticaram o bem na vida. Sabemos também que nós todos somos peregrinos nesta terra e acabaremos por passar neste campo santo. Respeitemos os cemitérios lugares onde vamos repousar e esperar a ressurreição na segunda vida de cristo”, caracterizou.
Carolina Elias, que já foi deputada e segundo Secretária do CP do MPLA também esteve no local e disse.
“Este comportamento de entrar no cemitério abrir as urnas, roubar chumbos para fins pessoais são comportamentos reprováveis. Cada um de nós deve dar o seu contributo no combate à estas práticas nocivas”, concluiu.
Em 2024, a missa de ação de graças dedicada aos defuntos passará a realizar-se no interior do cemitério para maior proximidade com a última morada dos ente-queridos, sugeriu o Bispo do Namibe.FT