A sociedade cívil no Namibe e não só, reconheceu nos últimos dias, o gesto caridoso da médica cubana Osleydi Baldez, a fazer banco e ter salvado por via da sua doação a uma criança de 5 anos diagnosticado por ela, com malária e anemia severa, no hospital municipal do Camucuio, província do Namibe.
Por: Esmael Pena
![](https://namibefalaverdade.com/wp-content/uploads/2023/12/Medica-cubana-250x300.jpeg)
Osleydi Martinez Baldez, Médica cubana
O gesto de tamanha dimensão humanitária, protagonizado por Osleydi Martinez Baldez, médica, especialista em medicina familiar, de nacionalidade cubana, comovida com o estado crítico de saúde que apresentava o seu paciente, um menino de cinco anos de idade, de nome Pedro Candimba, que padecia de anemia severa e malária grave, decidiu tirar a bata, e estendeu o braço para os exames complementares e seguidamente doar sangue ao seu paciente, porque o hospital local debate-se com a falta gritante do tão valioso líquido.
Um gesto insólito nos dias de hoje onde o amor ao próximo como escassear-se. Portanto este gesto de tirar o chapéu valeu-lhe uma expressiva e singela homenagem das autoridades administrativas locais.
Ouvida pelo Namibe Fala Verdade, a médica disse que estava comovida com o estado que apresentava petiz e não tinha outra solução de garantir a sua sobrevivência senão este gesto, para nós cubanos que nos orgulha, sobretudo quando se trata de crianças, esclareceu.
![](https://namibefalaverdade.com/wp-content/uploads/2023/12/IMG-20231219-WA0007-225x300.jpg)
Médica cubana e a criança (Pedro Candimba) que padecia da anemia severa
” Uma criança de cinco anos, que ficou connosco vinte e quatro horas, chegou com um diagnóstico de malária grave mais anemia severa. Precisávamos de sangue, o que me comoveu muito, pelo estado clínico da criança, e felizmente somos do mesmo grupo sanguíneo. Para mim foi um ato de solidariedade, humanismo e felizmente doei sangue na criança. Me senti muito motivada, me senti feliz em dar o amor ao próximo, saúde para nós que somos cubanos é algo muito maravilhoso’’, exprimiu.
É a terceira vez que esta médica cubana doa sangue. As duas primeiras foram em Cuba, seu país de origem.
’’É a primeira vez que doei aqui em Angola, no meu país em Cuba doei duas vezes”, explicou. A criança já está bem, o estado de astenia física passou e as febres passaram, reforçou.
![](https://namibefalaverdade.com/wp-content/uploads/2023/12/Avo-300x225.jpeg)
Pedro Albano, avô da criança que padecia da anemia severa
’’O Estado de saúde do miúdo é razoável, a criança já está bem, passou aquele estado de astenia física, não se alimentava bem, as febres já passaram , e a criança está num estado já de recuperação’’, garantiu.
Os louvores à médica continuam a chegar em todos os quadrantes do país e não só, o primeiro elogio veio do avô do pequeno paciente, Albano Braz.
‘’Graças a prontidão dela (médica), ninguém contava. O seu gesto valeu a pena, e hoje temos a criança com saúde. Bem recuperada. Hoje em dia o menino está de pé’’, concluiu agradecendo que este exemplo sirva de amor nos nossos hospitais onde nós angolanos às vezes nos tratamos mal.
Há um ano e dois meses que Osleydi Martine Baldez, presta assistência médica à população na terra dos’’ VAKWETO VEYA’’, (os outros vieram), como é apelidada pelos seus admiradores.
O Administrador municipal do Camucuio, Azevedo Calassola disse ao NFV, que o pelouro que dirige não poderia ficar indiferente com este gesto humanitário da médica cubana.
![](https://namibefalaverdade.com/wp-content/uploads/2023/12/Administrador-2-300x231.jpeg)
Azevedo Calassola, Administrador municipal do Camucuio
‘’Fomos comovidos, e não tínhamos como estar indiferente com esta brilhante iniciativa da doutora Osleydi. É um assunto que mexeu com o município, comoveu a província do Namibe e o país todo reconhecendo este gesto da doutora. A Administração municipal não tinha como estar de fora, convidou todos os trabalhadores da instituição (sector da saúde) para uma homenagem e um almoço com à doutora’’, frisou animado com o gesto.
![](https://namibefalaverdade.com/wp-content/uploads/2023/12/Director-1-300x294.jpeg)
Adão Francisco, Director clínico
Na hemoterapia do hospital local há ruptura de stock de sangue, numa altura em que com a chuva que se abate sobre a região, os casos de malária aumentam o número de internamentos e não há sangue para a transfusão. O grupo de doadores de sangue, voluntários da JMPLA tem sido a tábua de salvação, segundo o diretor clínico da unidade hospitalar, Adão Francisco.
“Em termos de stock da nossa hemoterapia, devido a proliferação dos mosquitos secundário a época chuvosa, temos estado a registar muitos internamentos de pacientes com diagnóstico de malária complicada com anemia severa, razão pela qual o nosso stock nesse momento é zero, mas nós temos ultrapassado essa situação, porque temos um grupo que tem prestado o seu apoio nomeadamente grupo de jovens da JMPLA, um grupo de dadores voluntários que tem prestado o seu calor dando esse gesto heróico, e de alguns colegas, nomeadamente da doutora e outros têm prestado o seu apoio para nós ultrapassarmos. Ainda na hemoterapia constatamos algumas dificuldades como micro-cuvete e alguns seladores para conservação do nosso sangue durante um período de tempo um pouco mais prolongado’’, lamentou.
Mas Adão Francisco mostra-se optimista, que a situação será ultrapassada com o esforço conjugado da Administração Municipal e da direção municipal da saúde.
’’Mas situações como esta, a direção municipal do hospital conjuntamente com a Administração local têm trabalhado e acredito que em poucos dias esses problemas estarão resolvidos’’, confiou.
O hospital recebe em média um ou dois pacientes com anemia severa por dia, o que significa que diariamente são efectuadas uma ou duas hemotransfusões, concluiu.
![](https://namibefalaverdade.com/wp-content/uploads/2023/12/WhatsApp-Image-2023-12-26-at-15.32.37-3-237x300.jpeg)
Sofia Mateus, munícipe de Lobito
Sofia Mateus, do município de Lobito foi a primeira a reagir nas redes sociais.
”Devemos todos olhar para este gesto como humanismo no verdadeiro sentido da palavra, não pela Dotoura ser estrangeira mas por ter amor ao próximo. Nos dias de hoje as pessoas estão sempre a fazer as coisas por interesse próprio, ninguém paga a vida de uma pessoa a Dra. Osleydi Martinez Baldez merece o respeito dos angolanos e não só”.