Noticiário NFV, edição de quinta-feira 11 de Abril de 2024 com os seguintes tópicos:
1 – Advogado David Mendes diz que não se pode combater fome olhando para importação;
2 – Governador do Namibe considera haver ainda muitos casos de Malária na zona norte da província;
3 – Custo da cesta básica suscitou maior reclamação dos cidadãos auscultados pelo grupo parlamentar da UNITA que trabalha no Namibe;
4 – Escassez de tomate paralisa actividade dos camionistas fretadores;
5 – Angola e Moçambique progridem no combate contra lavagem de capitais mas Guiné-Bissau vacila.
Somos à rádio NFV, coordenação e supervisão de Armando Chicoca, edita Esmael Pena, produção de Domingos Marques, eu sou o Dino Manuel, com apoios do NED e da Open Society.
O Advogado David Mendes, disse no Namibe, haver falta de algumas políticas para se poder materializar a visão de Agostinho Neto, Primeiro Presidente de Angola independente. Segundo o renomado Advogado, Agostinho Neto dizia que não se combater a fome olhando para o porto, isto é, olhando para a importação.
“Eu acho que faltou algumas políticas para poder materializar está visão de Agostinho Neto, porque na sua linha de pensamento não se pode combater a fome olhando para o porto, isso é, olhando para importação. As famílias durante muitos anos, fora a fase da guerra cívil, sobreviveram da agricultura como fonte de alimentação, a subvenção entre a produção familiar e a produção empresarial, dava grande quantidade de alimento as famílias e também proporcionava a exportação, actualmente a maioria dos silos encontram-se abandonados, não temos grande produção de sereias e nem de tuberculos. Naquela altura, a visão de Agostinho Neto quando surgiu o ano da agricultura que infelizmente quase que não choveu neste périodo”.
O jurista que falava ao espaço Mwangolé do NFV, nesta quarta-feira 10 de Abril, que abordou o tema, Agricultura como factor determinante e a indústria factor decisivo foi mais longe ao afirmar que não é possível pensar numa indústria sem agricultura como também não é possível pensar na indústria de forma genérica como factor de desenvolvimento nacional.
“Falando propriamente da agro-indústria, não é possivel pensar numa indústria, se não tiver agricultura, mas também não é possivel pensar na indústria de forma genérica como factor de desenvolvimento nacional, porque com a indústria tem-se um crescimento de rendimento, um grande emprego de mão de obra, mas não tem como ter uma indústria bastante desenvolvida se a agricultura estiver atrasada, pois tudo que se ganhar com a indústria terá que se gastar com a falta da agricultura, se não produzir-se alimentos terá que ser importado, diz-se actualmente que se gasta mais de tresentos milhões de dolares só na importação de arroz, tinha entre nós grandes produções, entre eles produção familiar de girassol, de jinguba, de milho e de óleo refinado de jinguba porque o Uíje era grande produtor deste produto, o Kwanza-norte era grande produtor de girassol, e quase que em todo país, particularmente no centro e sul eramos grandes produtores de milho”.
O entrevistado Advogou a necessidade de subvenção do sector agrário. principal fonte de alimentação ,e manifestou a sua repugnação à política de subvenção dos combustíveis.
“Agricultura se não for prestada atenção, não é aquela atenção política que nós vêmos na televisão, nos discursos, é uma política organizada com metas próprias, quais são as metas que nós queremos a curto, médio e longo prazo?E nessa altura nós temos que falar de produção agrícola de médio prazo, e a produção agrícola de médio prazo vai conseguir de se facto investir na agricultura, nós não devemos ter medo de subvencionar agricultura hoje os países chamados primeiro mundo subvencionam agricultura, então nós não devemos ter medo de subvencionar agricultura, ao invés de subvencionar os combustíveis eu sou contra a subvenção dos combustíveis, eu sou a favor da subvenção dos produtos alimentares, eu sou a favor da subvenção da agricultura”
Advogado David Mendes, defendeu em Moçâmedes, Namibe, a subvenção do sector agrário para o aumento da produção nacional e combater a fome.
O governador do Namibe, trabalhou nesta quarta-feira 10, nos municípios do Camucuio e Bibala onde os hospitais registam nos últimos tempos níveis assustadores de internamentos de pacientes com Malária. Archer Mangueira considera ainda preocupantes os casos constados e orientou as autoridades sanitárias a trabalharem com o plano de contingência para a erradicação da doença.
“Ficamos preocupado com o elevado número de casos que ia crescendo dia após dia, por isso mesmo decidimos tomar medidas, há aqui uma equipa chefiada pelo próprio director provincial da saúde para apoiar a mesma no munícipio, para irmos resolvendo no local, os casos mais delicados, tomando medidas que se impõem. Continuaremos a dar uma atenção especial, a gestão deste plano de contigência, uma vez que trata-se de uma situação preocupante para todos, gostariamos de evitar posterior agravamento no nosso munícipio”.
Governador Archer Mangueira considera ainda elevados os casos de Malária a norte da província. No município do Camucuio nos últimos quinze dias do mês findo foram diagnosticadas mais de mil pessoas com Malária e na Bibala com 16 óbitos dos 5 mil casos registados nos últimos três meses
A fome e o elevado custo da cesta básica são dentre muitas reclamações apresentadas ao grupo parlamentar da UNITA durante os encontros de auscultação aos cidadãos nos mercados informais da cidade de Moçâmedes. O Coordenador das jornadas nas comunidades municipais, Florêncio Kapamba disse que a sua bancada vai exercer pressão ao Executivo para a solução dos problemas constatados.
O grupo parlamentar da UNITA tem ainda agendado encontros com a sociedade civil tendo como foco a implementação das autarquias
O tomate escasseou nos últimos tempos, em alguns mercados do país, incluindo Namibe onde a produção é feita em qualquer época do ano. As vendedoras falam da subida galopante do preço de uma caixa de tomate.
“Nós estamos a vender, a caixa de tomate está trinta e dois mil e nós estamos a vender o balde à cinco mil kwnza, porque esse tempo o tomate é mesmo difícil não aparece, vinte e cinco à vinte e seis compravamos, mas desta vez o preço está mesmo elevado, graças à Deus compramos a trinta e três em dois dias conseguimos acabar a caixar de tomate, e ganhamos o lucro de cinco mil kwanzas, o tomate está mesmo difícil por causa das cheias que levou uma parte das sementes, não está parecer mesmo tomate”.
Jamba Vessele, vendedora de Tomate da província do Namibe
Os camionistas fretadores que escoam o tomate dos campos agrícolas para os mercados do país, estão de mãos atadas
“Leonardo Bento Capenda. Nós escoamos os produtos da fazenda (cebola, tomate) com destino a Luanda, quando está díficil, carregamos peixes secos, em um cenário diferente ficamos duas ou mais semanas no máximo um mês, os produtos do campo estão caros, está a se comercializar a trinta e seis mil e em Luanda está a quarenta mil, para pior a produção não tem sido a mesma. Queremos um olhar mais virado aos campos para que haja melhoria na produção, evitando deste modo que estejemos parados durante muito tempo”.
“Fernando Francisco. Trouxe uma senhora que faz entrega a domicílio, não sei quanto é que faz, mas lá, a batata doce esta a três mil, dois mil e quinhentos kwanzas, a rena está dez, doze mil kwanzas, está muito difícil. No passado a batata doce era mil e quinhentos e a rena cinco mil, actualmente está caro. Vim com objectivo de levar tomate para Luanda e outros pontos do país mas como não tem, terei que regressar vazio”.
Camionistas fretadores que escoam o tomate dos campos agrícolas para os mercados do país
Camionistas que escoam o tomate dos campos agrícolas para as superfícies comerciais paralisados devido a escassez desse produto.
Alguns países africanos deram passos importantes no que toca a legislação para a prevenção e combate à lavagem de dinheiro, assim pensam especialistas ouvidos pela Voz da América, no Lubango.
As opiniões surgem na sequência da reunião do grupo de peritos de combate ao branqueamento de capitais na África Oriental e Austral, que decorre na capital da Huíla.
José Puati, especialista em relações internacionais, valoriza a importância de Angola acolher o encontro e reconhece progressos do estado na prevenção e combate aos crimes como o de lavagem de dinheiro.
“O Banco Nacional de Angola tem implementado reformas estruturais e emitido instruções aos bancos comerciais, no sentido de se adequarem às normas internacionais e, além disto, o estado angolano tem, igualmente, sido avaliado por organizações internacionais, como o grupo de acção financeira internacional, assim como o grupo anti-branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo na África Oriental e Austral”, disse.
O especialista saúda o facto de muitos países em África estarem a trabalhar e a adotar medidas para travar tais crimes que colocam em causa a soberania dos estados e cita como exemplo Moçambique, mas alerta para fragilidades, como na Guiné-Bissau.
“Ainda existem desafios, como a Guiné-Bissau, que é considerada como sendo um estado com grande vulnerabilidade ao branqueamento de capitais. Esses desempenhos refletem uma tendência positiva em África, porém ainda há muito trabalho a ser feito para garantir sistemas financeiros robustos e seguros em todo o continente africano”, acrescentou.
O Grupo de Peritos de Combate ao Branqueamento de Capitais na África Oriental e Austral, integra 21 estados e foi fundado em 1999.