DEZENAS DE ESCOLAS PRIMÁRIAS NA PROVÍNCIA DE MALANJE CARECEM DE CONDIÇÕES PARA LECIONAREM

23.07.2024

Dezenas de escolas primárias na província de Malanje carecem de condições para lecionarem, como é o caso da número 185 da Calemba, bairro da catepa a redores dessa cidade.

O edifício com seis salas de aula, para colher mais de seissentos alunos, construido com dinheiro público do fundo de apoio social, entrou em funcionamento em 2014. Vandalizado teto, as janelas, portas e toda mobília escolar em 2020, no pico da covid-19, as aulas das classes da iniciação a sexta, e o ensino de adulto, tanto no período da manhã ou a tarde, dependem de condições atmosféricas. Domingas Calueto de catorze anos de idade, é aluna da escola:

“Como tem tanto sol não consiguimos estudar porque a professora diz que temos que ir em casa, e nós não conseguimos aprender nada aqui na escola por causa do sol”.

A professora Antónia de Sousa, leciona a segunda classe: “Está mal, as crianças ficam muito arrasca, mesmo no tempo de frio, conforme estão a ver, nós aqui estamos mal”.

O Governo provincial de Malanje deve encontrar uma solução urgente para o problema, no entender da professora Filomena Bernardo:

“Ou nos tiram e nos colocam numa outra escola, porque estar aqui não vai dar certo, os meninos daqui não tem como insidirem, por isso é que nós estamos a pedir que olhem para a nossa situação, estamos a trabalhar muito mal, por exemplo, eu na minha idade já não consigo, com o sol não consigo ficar muito tempo na turma”.

Numa escola onde faltam tetos e janelas, também faltam carteiras para os alunos. Isabel João, mãe de uma das alunas da escola, diz que as famílias substituíram o Estado:

“A princípio eu tenho que pegar a minha cadeira para dar na criança para ir a escola, a criança só tem que fazer uma hora na escola porque a escola não está em condições “, o mesmo exercício é repetido por Paulo Manuel, pai de três alunos da escola número 185 da Calemba, “eu pego a cadeiro entrego no filho para poder assistir a aula, mas a escola não tem condições, não tem carteiras, quadros também tem que ficar de pé para poder escrever as matérias”.

Alberto João, director da instituição que este ano matriculou seissentos e cinquenta alunos, e conta com vinte e três professores:

“Neste momento nós trabalhamos num período das 08h à 10h30, em função do clima, porque quando há muito sol, as crianças vão para casa, quando é tempo chuvoso, se o clima estiver mal, as crianças também vão para casa, e o aproveitamento vai até 75%”.

Quinze porcento de 2024 em Angola, avaliado em mais de 24,7 mil milhões de kwanzas, está reservado ao sector da educação, mas os investimentos para a construção de escolas são do Ministério das Obras Públicas, através do PIIM de cada província. O director municipal da educação de Malanje, José Cata, diz que o PIIM não tem a responsabilidade de reabilitar escolas em más condições:

“Esta ser feita a nível da administração um programa, no sentido de serem  enquadrados talvez no PIIM 2, com um outro programa de recuperação das infraestruturas escolares”.

Enquanto não se decide quem tem a responsabilidade de recuperar várias escolas como a da Catepa, muitas crianças vão continuar a depender das condições climatéricas para poderem estudar.

 

 

Reportagem: Isaías Soares

Coordenação: Armando Chicoca

Produção: Domingos Marques

Apoios: NED e OSISA

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