Secretário da UNITA no Moxico diz que dizmobilidade das pessoas é feita com imensas dificuldades e lamenta falta de preocupação dos governantes para com dificuldades da população
Por: Esmael Pena
O Projeto Namibe Fala Verdade, esteve na semana finda na província do Moxico, a maior de Angola, para junto das autoridades locais, quer governantes, políticos, entidades religiosas e a sociedade cívil, aferir o tecido social e económico da população, bem como o mosaico cultural.
Algumas personalidades mostraram-se indisponíveis acolher a nossa equipa de reportagem, mas os nossos microfones foram inegáveis ao Secretário provincial da UNITA, Afonso Baptista Ndumba, com quem abordamos sobre a circulação de pessoas e bens através das vias comunicações rodoviária, ferroviária e fluvial.
Na entrevista conduzida pelo diretor do Projeto Namibe Fala Verdade, jornalista Armando Chicoca, o líder da UNITA, lamentou as condições em que é feita a mobilidade das pessoas, chegando mesmo a considerá-las como sendo péssimas, atribuindo largas culpas à governação.
“Temos imensas dificuldades na mobilidade das pessoas. As pessoas não conseguem locomover-se devidamente, porque o único movimento é feito por estrada, para as áreas da Lunda-Sul, e para as áreas do Bié”, lamentou.
Afonso Baptista Ndumba, disse que no ano transacto, o governo havia anunciado asfaltagem da estrada 220,que liga aquela província ao Bié, mas nada foi feito. Segundo o nosso entrevistado, apenas para Lunda-Sul viaja-se com poucas dificuldades, mas o mesmo não se pode dizer em relação a viagem para o Bié.
“Lunda-Sul viaja-se um bocadinho normal porque a estrada está razoavelmente bem, mas para o Bié, a estrada 220 que vimos no ano transato a festejar os governantes para lançarem a campanha de asfaltagem, sinceramente, que até hoje é uma lástima”, deplorou.
Sublinhou ainda que mesmo em viaturas, as pessoas viajam mal, em camiões que não oferecem comodidade.
“As pessoas viajam mal em carros que não oferecem condições de movimentar o cidadão, depois de quarenta e nove anos de independência, e sobretudo, 22 anos que terminou a guerra neste país”, sublinhou.
Indagado sobre a circulação do comboio, o dirigente da UNITA deplorou a insuficiência de carruagens, e o estado das mesmas, e a forma como as pessoas viajam nos comboios.
“Viaja-se pessimamente no camimnho-de-ferro. De comboio viaja-se mal, por isso é que tivemos que fazer uma interferência por vias das redes sociais, mas a coisa continua péssima. Viaja-se mal porque as carruagens não oferecem condições. As carruagens deviam transportar mais ou menos sessenta e duas pessoa, enchem como se tivessem a transportar contratados naquele tempo colonial, sem o mínimo de humanidade, e as casas de banho cheias de cargas, as pessoas ficam nos espaços, inclusive por cima do comboio, para se ver até que ponto os nossos governantes não têm nenhuma preocupação para com os angolanos, já que eles próprios viajam comodamente nos melhores carros e nos aviões, o cidadão soberano, dono do poder, esse não é visto, para ser visto só quando chegar o momento das eleições”, criticou.
Segundo deu a conhecer, mesmo em condições precárias, uma viagem do Moxico ao Cuito(Bié), custa dez mil Kwanzas.
“Mesmo nessas condições precárias em que o cidadão tem de viajar do Moxico ao Cuito, paga dez mil kwanzas, e para Saurimo oito mil”, explicou.
Instado sobre os autocarros adquiridos pelo governo, o entrevistado do NFV, frisou que não basta a boa vontade de aquisitar os meios, deixando transparecer que não tem havido transparência na distribuição dos mesmos, pois segundo adiantou, os beneficiários são apenas os comerciantes militantes do partido, governantes e ex-governantes.
“Primeiro, não basta a boa vontade de requisitar e distribuir, devia haver sim, transparência, ter os angolanos como donos da terra, e não ver o angolano como aquele que usa a camisola do MPLA. Esses meios vêm para as províncias, no caso para o Luena, que é a capital da província do Moxico, os autocarros são distribuídos aos dirigentes comerciantes. Sê formos a ver neste preciso momento, os autocarros existem, estão com os dirigentes do MPLA, ex-governantes ou governantes atuais na cobertura dos filhos, sobrinhos etc, ou então aqueles que estão reformados”, desabafou.
Como era previsível, à equipa do NFV, viu fracassados os contactos encetados no sentido de ouvir o governador do Moxico, Ernesto Muangala, que poderia esclarecer os projectos virados ao desenvolvimento socio-económico da província e para melhoria das condições de vida da população.