Por: Armando Chicoca
Nem sempre os críticos sociais, sobretudo os detentores de cargos públicos, são inimigos.
A escola da vida nos ensina que mais vale ter por perto e saudáveis as pessoas críticas do que os bajuladores, aqueles que nos embelezam com as palminhas, mesmo cometendo erros.
Nos dias de hoje, até os líderes religiosos, os líderes político-partidários, as autoridades tradicionais, homens da lei, deputados e administradores da justiça, gostam de quem lhes bate palmas, de quem aparentemente lhes demonstra admiração, mesmo fazendo coisas ruins.
Esta permissibilidade constitui um erro crasso que depois desemboca no culto de personalidade endeusada.
Os nossos governantes, boa parte deles, fingem que não gostam da bajulação mas ficam felizes quando alguém da oposição muda a linguagem do jardim, quando alguém crítico enaltece a sua figura, elogiando o que não é prestável.
Nos dias de hoje, se ficarmos atentos sobre o que dizem os angolanos nos aglomerados de pessoas, depreendemos que o angolano não é assim ingénuo como se pode querer, o angolano não é distraído.
Há um gesto feito pelo então presidente JES que os angolanos registam e hoje enaltece a figura de José Eduardo dos Santos, que é o preço da cesta básica.
O comentário em todas as localidades (urbanas ou rurais) é o preço da cesta básica na era do ex-presidente JES, que esteve ao alcance de toda a família angolana contrariamente à atual era do presidente João Lourenço.
E a pergunta que se coloca é: “o que seria de José Eduardo dos Santos se ouvisse e fizesse aquilo que os críticos da sua época sugerem para o país? Que elogios receberia nos dias de hoje?
Na era do presidente José Eduardo dos Santos, a bajulação fez ricos a muitos e estes muitos que se enriqueceram por via da bajulação influenciaram para que alguns dos críticos sofressem perseguições e cadeias.
Na hora da verdade abandonaram José Eduardo dos Santos que nos pareceu ter ficado apenas com os filhos e o corajoso e respeitável político do MPLA, Álvaro Manuel de Boavida Neto assumidamente.
Nesta era do terceiro presidente da República, João Lourenço, notou-se que no princípio parecia difícil bajular, mas depois os bajuladores buscaram tácticas diferentes, os bajus começaram a reafirmar-se, e de forma escandalosa.
Já há pessoas combatendo as vozes críticas na sociedade angolana, e algumas das vezes com perseguições processuais. Podem ser actos isolados ou com mãos invisíveis, mas a cronologia histórica fará parte da era do Kota JLo, sem simulações.
Porém, no contexto angolano, a crise social que se assiste nos últimos tempos tem protagonizado acesos debates entre os bajuladores da era do então Presidente da República José Eduardo dos Santos e os da era do Presidente João Lourenço.
Pelo menos já assisti três pelejas de debate sobre o tema.
Mas, para a reflexão deste, sou apologista que deveríamos promover no seio da juventude académica e não só os valores e a ética.
Exigir dos dirigentes angolanos sejam eles de que partido forem, fazer acontecer o país com bons gestos de governação e liderança, se possível usar a linguagem académica nos fóruns em que participem.
Achei interessante e engraçado quando alguém escreveu assim:
“Quando babuínos e macacos ouviram que o homem que costumava expulsá-los do campo de milho morreu, eles comemoraram histericamente.”, continuando realçou:
“No ano seguinte, não havia milho. Foi aí que eles, dolorosamente perceberam que o homem morto era o agricultor!”, fim de citação.
Esta passagem enfatiza aquilo que temos acompanhado como debates comunitários nos bairros e mesmo nos kimbos, mais seria bom dizer o seguinte:
Ficai satisfeitos quando os críticos da sociedade angolana vos apontarem o dedo por qualquer deslize.
Esta é para os detentores de cargos ou líderes de serviços.
“Não caiam no erro de intimidar os vossos críticos com processos criminais, e outros truques de persuadi-los, antes pelo contrário, examinai o tempo no espaço e façam um estudo sociológico sobre a vida de quem você governa, sobre as duas obrigações do que deverias fazer e talvez por incúria não fizeste e o que podes fazer para corrigir o que está mal?
As pessoas podem não ver a utilidade das suas ações hoje, mas fazendo-as bem hoje, elas perceberão e reconhecerão a importância, o carinho e o amor prestado mesmo quando você já não estiver mais presente.
Lembre-se, nem todos os críticos sociais são teus inimigos!
“Governante, político, líder religioso, Magistrado, comandante das forças policiais e outros, os vossos críticos podem ser a tábua de salvação da vossa honra e dignidade, enquanto servidores. Nossos adversários são uma necessidade vital para o nosso legado enquanto servidores públicos.
“É tolice tudo por nada processo de calúnia, difamação, injúrias. Piora um pouco se a moda de supostos crimes de ultraje pegar. Angola não será a mesma! Bajulai mas não vendam a consciência coletiva de um povo, Angola é um país no concerto de outros países”.
Façam algo para servir de lembrança para os continuadores desta terra de todos nós.
Que cada um faça um esforço de corresponder a expectativa dos seus governados, dos que olham para si como uma estrela por cima da montanha.
O homem atrapalhado só cria incertezas, então fica por perto daqueles que falam a verdade. A mentira tem pernas curtas e os bons amigos são aqueles que te ajudam a caminhar fazendo o bem.
Olhai para a pouca vergonha de algumas Igrejas que deveriam ser a reserva moral, nos próximos dias saberão a Odisseia. Olhai para alguns ministros arrogantes a imagem que criam para o executivo, olhai para alguns governadores incompetentes o descontentamento que criam para o povo, olhai para alguns líderes partidários arrogantes e comparativamente buscai exemplos daqueles que fazem da sabedoria e conhecimento académico a favor do cidadão.
Somos um país rico na diversidade, lapidando e unindo este bem, a causa da nossa angolanidade, seríamos um país forte e seguro para se viver sem receio de retaliação no futuro de cada um, como os outros vivem.
Quando tudo apontava que a era da governação do ex-presidente José Eduardo dos Santos, entraria para o museu, tendo em conta o factor corrupção que esteve mergulhado na sua governação, segundo o povo, JES deixou-nos três refeições ao dia na mesa de cada um dos angolanos.
Faça algo para este povo maravilhoso, amanhã você também será relembrado apesar das insuficiências de ordem humana. Diga: “juntos queremos, juntos podemos, juntos podemos fazer acontecer na vida dos angolanos”.