“PRATICIDADE” DE ARREPENDIMENTO EMPOBRECE PERDÃO DO PR JOÃO LOURENÇO AOS ANGOLANOS
Foi bom ouvir do Presidente da República de Angola João Lourenço, o pedido de perdão público em nome do Estado angolano à todos cidadãos pelos excessos colossais durante 45 anos, mas ainda assim paira a dúvida se este pedido de desculpa às vítimas de sangue e não só, de outras vicissitudes também foi de coração ou perdão de marketing politico.
Por :Armando Chicoca
Será que a partir do dia 27 de Maio de 2021 Angola vai conhecer um novo rumo politico, um ambiente politico, de respeito pela diferença? será que depois do pedido de perdão aos angolanos deixaremos de derramar o nosso sangue por atos de excessos de quem governa ? Será que o 27 de Maio de 2021 é o recomeço de nova vida, de reencontro das famílias, amigos, vizinhos, companheiros, Colegas de carteira desavindos durante décadas por crispação politica em Angola? Será que o perdão do Presidente da República João Lourenço, em nome de todos atos menos bons praticados no nosso País foi ouvido pelos nossos mortos? será que este perdão também contempla os actuais atos bárbaros cometidos na era do Presidente João Lourenço?
São estes e outros quesitos que gostaríamos fossem respondidos para aferirmos a certeza enquanto angolanos de que este pedido de perdão veio do arrependimento pelas coisas más praticadas neste País, contra a pessoa humana seja qual for as circunstâncias, local e por quem. Os angolanos precisam saber de tudo isso, para entendamos a substancia lógica espiritual deste perdão que nosso entender não basta a publicidade mas sim a objetividade. Também entendemos que seria vazio este pedido de perdão sem outros complementos ao sofrimento das vítimas, que não passe apenas pela distribuição de certidões de óbitos e outros atributos, mas é necessário que os Estado angolano independentemente da postura musculosa de alguns dirigentes do MPLA que se acham os únicos iluminados, que se faça um levantamento global de todos os passivos no País.
Na verdade os angolanos só tem a ganhar se a partir do dia 27 de Maio de 2021 houvesse mudança de atitude, mas isto só é possível se o Presidente da República João Lourenço, na qualidade de promotor do perdão em Angola, orientar a todos os governos provinciais, executores das politicas públicas à mudança de mentalidade governamental.
Acreditamos e respeitamos a coragem do Presidente João Lourenço, mas a experiencia dos 45 anos da governação do MPLA neste País acautela-nos prudência, desconfiança e ceticismo tal como os angolanos aprenderam no passado: “um passo a frente e um passo a retaguarda”.
Ganharíamos bastante com este perdão se os atos comportamentais subsequentes dos governantes angolanos fossem fiscalizados e os eventuais erros forem sancionados. Tenho muita dúvida quanto a seriedade neste País, nossa terra, nossa querida mãe Angola, onde por vezes nem sempre a nossa lei tem consistência e razão diante das camadas oprimidas.
Se de um lado o PR pediu perdão aos angolanos pelas matanças do passado, a minha pergunta é não estando contemplado neste perdão os assassinatos cruéis de Cafunfo na Lunda Norte, Júlia Cafrique, Inocêncio de Matos, médico Dala em Luanda (…) e ontem 30 de Maio o assassinato de Sandra Manuel 14 anos de idade (por não possuir 15 mil kwanzas de multa em consequencia do não uso de máscara) e ainda hoje, segunda-feira,31 de Maio pelas duas horas de madrugada na cidade do Dundo o assassinato a tiro por forças coligadas FAA e Policia cidadão Pedro Mutunda de 63 anos de idade quando este fazia necessidades menores a beira da sua residência foi mortalmente atigindo, segundo disse António Kapaia, membro da sociedade civil na província da Lunda Norte. outros igualmente em Cafunfo quem os vai pedir perdão?
As vítimas de 30 de Janeiro de 2021( ZecaMutchima, Mwakapenda Kamulemba …Outros activistas do Movimento Protectorado), Edson Kamalanga no Namibe e Tchilalo João Muhalo no Cunene ambos activistas cívicos presos politicos que os vai pedir perdão?
O erário público roubado por dirigentes do MPLA nos actuais projectos do PIIM , o caso mais recente do Banquete da TPA “Major Lussati” não causou danos aos angolanos na era do Presidente João Lourenço? Quem vai pedir desculpas aos visados angolanos.
É urgente acabarmos com perseguições politicas e priorizarmos as questõesna essenciais do País que são: a garantia da inviolabilidade das nossas fronteiras, a promoção da democracia plena, a boa gestão da coisa pública, a separação dos poderes (executivo, legislativo e judicial) e sobretudo promover a independencia dos tribunais.