NO CUNENE ESTÁ A CONTINUAÇÃO DA NOSSA LUTA, DIZEM OS ACTIVISTAS CIVICOS NO NAMIBE
Depois de várias empreitadas de manifestações de ruas e defronte ao Tribunal do Namibe exigindo a data de julgamento e a consequente soltura efetivada à 25 de Junho, os activistas cívicos no Namibe durante o Mwangolé Fala Verdade em debate (reflexão sobre o caso Kamalanga) reafirmaram que não haverá liberdade sem luta.
Por: Paulo Fernando
Namibe foi o ponto de partida, na pela soltura do Edson Kamalanga e o Cunene será o ponto de chegada, exigindo a libertação do activista Tchilalo João Muhala, ainda sob cativeiro em Peu-peu, pelas autoridades governamentais locais.
Foi um debate suave onde os activistas Pedro de Sousa e Nelo da Cruz, ambos protagonistas das várias manifestações ocorridas no Namibe em prol da libertação do activista Edson Kamalanga, não se esqueceram que todos aqueles que sofrem pela causa nobre fazem parte da nossa luta. O Cunene é a continuação da nossa luta até que Tchilalo Muhala, preso politico seja liberto.
Pedro de Sousa, Activista cívico do Namibe
Pedro de Sousa, activista cívico no Namibe, explica como é que foi a jornada dos activistas para alcançarem a libertação de Edson Kamalanga: “hoje se eu dizer que foi muito bom estaríamos a mentir, dizer que foi muito difícil, porque foi uma luta não só com o regime mas com certas pessoas cá da província e não só, mas dizia o doutor Savimbi, a causa justa sempre triunfara, e a causa do nosso mano Edson Kamalanga como foi justa está aí o trunfo chegou, o nosso mano está aqui perto, e nós os activistas ficamos felizes, não com a atitude do regime. Realçamos aqui a coragem que o nosso mano teve de resistir, gerir os perigos que houve na comarca, porque apercebemo-nos tão logo que começamos com a luta que o nosso mano contraiu a tuberculose, e nós os activistas ficamos muito preocupados, em particular eu e o mano Nelo, quase que ficávamos malucos, quando a grande heroína do nosso tempo, a senhora que cá no Namibe vai corresponder pela dona Ermelinda Freira, a tia Teresa Mapala que é a mãe de Edson Kamalanga, nos pontualizou”, disse.
“os ativistas consagraram a tia Teresa Mapala como a mãe dos activistas, pela coragem que teve, ela ligou para o mano Nelo, a dizer, mano Nelo, o Kamalanga pediu para avisar que contraiu a tuberculose. Eu fiquei maluco, eu não sabia o que fazer porque o meu mano Nelo é da organização, é para essas coisas, mas eu também fiquei maluco naquele momento, não tínhamos nada para organizar, não tínhamos nenhum pensamento, mas tão logo surgiu-nos uma luz no fundo do túnel, mas nós com a pressão conseguimos inverter isso, e vimos que o nosso mano Edson Kamalanga após as denuncias terem passado na radio Despertar, Voz da América, no Namibe Fala Verdade, o regime começou a preocupar-se recebemos a noticia que levaram o nosso mano ao Hospital Ngola Kimbanda”, reagiu.
Porem a nossa preocupação consistiu ainda no facto de que apesar de o Hospital Ngola Kimbanda ser publico e de referencia, ainda sim não era seguro afirmar que o nosso Mano econtraria bom tratamento devido a debilidade em meios de assistência médica e humanização.
Após a surpresa do convite do governo e do Delegado do Interior, Comissário Alberto Sebastião Mendes “Limão”, para integrarmos a delegação que visitou a comarca, foi para nós uma soberana oportunidade de um lado para conhecermos o Kamalanga e por outro lado interessava-nos constatar in loco os estado da sua Saúde e emocional, graças a Deus aconteceu.
Para o Nelo da Cruz: “eu senti na pele, no osso, quando ouvimos que o nosso companheiro Edson não se encontrava bem de saúde, como é do conhecimento que nós somos duas pessoas em uma só, porque afinal de contas a nossa luta é comum, nos perguntamos que poderíamos fazer para salvar o Edson daquele momento difícil. “Fizemos a primeira manifestação, que não foi fácil, foi difícil, mas com a coragem do jornalista Armando Chicoca e o jornalista da rádio despertar conseguimos fazer a primeira manifestação, graças a Deus tivemos apoio de alguns activistas do Tômbwa, estamos a falar do Tchimbwa, o Valentim, o Galangue, e aqui o Amândio Balança, e envolvimento de muitos, foi assim que a marcha saiu com muito sucesso, mesmo com incompreensões e tentativas de sabotagem por parte de outros, final a marcha saiu”, disse.
Nelo da Cruz, continuou dizendo: “para dizer que eu e o mano Pedro fomos muito fortes, ao não acreditar naquilo que as pessoas diziam, porque alguns dizem ser activistas mas têm um outro posionamento contrário ao ativismo.
Eu conheço todos aqueles dizem ser activistas mas estavam contra o Edson Kamalanga e neste momento em que encontra-se solto são os primeiros a aproximar-se dele batendo aos ombros numa saudação de anjo de diabo.
Neste momento, interessa-nos dizer que só a união em prol do fortalecimento do ativismo interessa a todos. Mas é necessário que não percamos de vista sobre o comportamento daqueles jogam os dois lados: “nós precisamos de pessoas que não ficam nos cadeirões e nas redes sociais, precisamos sim de pessoas que fazem pressão, porque os ditadores não precisam de alguém que fica em casa, a dizer que eu sou activista, mas sim de pessoas que saem as ruas. A nossa luta é contra os ditadores do MPLA, porque o MPLA é o demónio dos angolanos. O meu maior problema agora é olhar para o outro activista que está no Cunene, uma das nossas obrigações em pressionar liberta-lo”, disse Nelo da Cruz.
No Cunene está a continuação da nossa luta até que o Mano Tchilalo seja liberto, disse Pedro de Sousa, “a nossa luta hoje em dia não está só no Namibe mas também no Cunene. O MPLA, é a razão motivadora da nossa luta, tem que libertar o Mano Tchilalo e nós vamos para lá em peso depois eles é quem sabem se nos matam se nos metem todos na cadeia do Peu-Peu, a verdade é que vamos lá no Cunene exigir dia e noite a libertação do nosso Irmão Tchilalo João Muhala, ainda que isto nos custe sangue”, reagiu Pedro de Sousa.
“Caras sem vergonha, soltem lá o Tchilalo, vocês não estão cansados com isso? Se vocês acham que já não têm nada para dar em Angola, livram-se de Angola porque a nossa pressão não vai parar, vocês podem passar em 2022, nós vamos continuar, já sabemos que com as eleições é difícil, mas nós vamos vos tirar, vocês vão fugir de Angola, por mais que tentem permanecer no poder, por mais que detenham os activista, matem, vocês mataram o Inocêncio de Matos, dia 11, vocês deram-nos corrida, mas nós estamos aqui continuando. O movimento revolucionário vai para o Cunene, nós vamos chegar lá e vamos mexer com aqueles gajos”, disse.
Nelo da Cruz, disse ainda: “eu e o mano Pedro temos ditos sempre que, é mais fácil prenderem todos os activistas lá no Cunene, e nós estamos a vir para se entregar. Preparem as celas porque nós não temos medo nem daqueles cães policiais que vocês mandaram morder os manifestantes e o jornalista da Rádio Eclésia no Cunene, Alfredo Kuito, libertem o nosso mano. Parem de prender os activistas, parem de achar que Angola é vossa terra exclusiva, nós também somos angolanos, só não sei se vocês sentem a dor que nós sentimos as vossas injustiças”, disse.
Pedro de Sousa, disse ainda que: “eu sempre disse, não tenho compromisso com ninguém, nem com o MPLA, nem com a UNITA, e nem com outros partidos, também não tenho compromisso com nenhum deputado, temos aqui no Namibe deputados e activistas que dizem estar ao lado do povo mas numa análise critica não passam de hipócritas, sempre fugiram a marcha de libertação de Edson Kamalanga, e agora querem fazer aproveitamentos ao ser padrinho do filho de Kamalanga, deixem disso, deixem de hipocrisia”, disse.
Pedro de Sousa, perguntado se concorda que o deputado Sampaio Mucanda seja o padrinho do filho de Edson Kamalanga, disse: “não concordo! Onde é que esteve esse tempo todo! só agora acreditou que Kamalanga não cometeu crime? esses deputados aproveitadores e supostos activistas quero vos ver no Cunene, marchando ao nosso lado e exigindo a soltura de Tchilalo João Muhala”.
“vocês activistas têm que ter noção que o mais importante é salvar vidas, se intitulam que somos, somos activistas, vão lá no bairro Bagdad ajudar aquele povo, eu recebi o relatório desse povo, a viver mal, deixem de ser hipócritas, vocês são políticos de onde? são activistas de onde, isso chateou-me vão para lá defender o povo”, Concluiu sublinhando que:” 45 anos de má governação, 45 anos de assassinatos, 45 anos de fome é muito”.
Os dois activistas terminaram o debate com uma canção:”xé,xé,xé,xé… MPLA já caiu!!… Ditadores se preparem, os activistas estão vocês fatigaram o Tchilalo, o Cunene está chorar!