A procura de garrafas vazias de água mineral, latas e plásticos em amontoados de lixo sem o uso de qualquer meio de protecção, como máscaras faciais e luvas, sob um olhar sereno das autoridades locais e da Administração de Moçamedes, tem deixado constrangido muitos munícipes da cidade capital do Namibe que se mostram indignados e preocupados com a presença massiva de crianças, mulheres e velhos em contentores de lixo.
Texto de Da Conceição Maria
“É mesmo neste serviço sujo onde sai o seu ganha-pão, mas é triste porque este trabalho não é digno e pode apanhar doenças”, reagiu João Manuel.
“Aqui no Namibe esta situação está cada vez pior. Segundo dizem, é uma fonte de sobrevivência, tem vantagens, mas também desvantagens e tudo se resume na falta de políticas públicas”, reagiu outro cidadão que pediu anonimato.
“Eu vejo todos os dias bastantes crianças e adultos nos contentores de lixo a procura de garrafas vazias com as mãos sem luvas e sem marcaras. É complicado ver crianças desprotegidas no lixo, só que o governo devia rever esta situação porque há muita miséria, muita miséria”, reagiu uma senhora com a sua vassoura nas mãos e olhos postos no contentor de lixo no bairro da Facada.
Em entrevista concedida ao Namibe Fala Verdade, cidadãos que vivem esta realidade proferiram palavras obscenas contra o Estado angolano por este não prestar assistência às familias carenciadas e justificaram que recorrem aos contentores de lixo por não ter outra saída. Da entrevista feita, apenas o cidadão Vasco Manuel falou dos seus rendimentos diários de 500 kwanzas, equivalente a 0,79 dólar americano por dia.
“Estou a recolher garrafas para vender no bairro Mandume ao preço de 5 kwanzas por cada vasilhame de água. Faço isto para poder comprar fuba para fazer funge e não temo contrair doenças porque não tenho como fazer, tudo fica nas mãos de Deus”, disse.
Esta tem sido a realidade de várias familias que lutam para a sobrevivência diária na cidade capital da povíncia do Namibe.