Os jovens no Namibe saíram ontem, dia 11, às ruas para reivindicar os seus direitos, data em que se celebra 45 anos de independência, uma realidade incomum naquela que é considerada “terra da felicidade”. As forças de segurança nacional da província do Namibe foram surpreendidas com a presença massiva de jovens que se mostravam dispostos a tudo. A concentração ocorreu no centro da cidade capital, divididos em grupos de cinco pessoas, segundo as regras de distanciamento devido à covid-19. A maior afluência se registou no bairro da Facada, defronte à escola n.º 49.
Texto de Da Conceição Maria
Venâncio Namuele, um dos participantes, contou que “não queremos opressão, não temos medo. Estamos firmes e nós jovens do Namibe acordamos”.
A manifestação ficou marcada com a detenção de mais de 15 jovens, detidos na presença dos jornalistas dos órgãos de comunicação social privado, como a rádio Despertar, Voz da América e do Namibe Fala Verdade, que não foram poupados das ameaças da polícia no local. Após várias tentativas de abuso de autoridade por parte dos serviços de defesa, os jornalistas do NFV foram surpreendidos no percurso em direção ao gabinete com intimidações e promessas de que pretendiam receber os seus telemóveis, que serviram para registo da manifestação, mas sem sucessos.
A nossa equipa NFV se dirigiu ao comando da polícia, onde se encontravam os jovens manifestantes detidos, para apurar o ponto de situação dos implicados, mas não obtivemos resposta.
Mateus Javela, amigo dos detidos, exigiu a libertação “dos nossos amigos” porque “eles não cometeram nenhum crime, apenas estavam a exercer um direito consagrado pela constituição”.
Lino Antônio, familiar de alguns dos detidos, declarou que “enquanto não forem soltos, eu vou dormir aqui”.
Depois de várias horas detidos, os jovens manifestantes foram soltos após pagamento de uma multa orçada em 200 mil kwanzas, segundo uma fonte anónima.