Moçamedes: Aumenta número de famílias em busca de sobrevivência nos contentores de lixo

30.11.2020

A procura de garrafas vazias de água mineral, latas e plásticos em amontoados de lixo sem o uso de qualquer meio de protecção, como máscaras faciais e luvas, sob um olhar sereno das autoridades locais e da Administração de Moçamedes, tem deixado constrangido muitos munícipes da cidade capital do Namibe que se mostram indignados e preocupados com a presença massiva de crianças, mulheres e velhos em contentores de lixo.

Texto de Da Conceição Maria

“É mesmo neste serviço sujo onde sai o seu ganha-pão, mas é triste porque este trabalho não é digno e pode apanhar doenças”, reagiu João Manuel.

Munícipe carregando lixo – Foto: NFV

“Aqui no Namibe esta situação está cada vez pior. Segundo dizem, é uma fonte de sobrevivência, tem vantagens, mas também desvantagens e tudo se resume na falta de políticas públicas. Este bairro dos Eucaliptos não conhece o saneamento básico há mais de 20 anos”, reagiu outro cidadão que pediu anonimato.

“Eu vejo todos os dias bastantes crianças e adultos nos contentores de lixo a procura de garrafas vazias com as mãos sem luvas e sem marcaras. É complicado ver crianças desprotegidas no lixo, só que o governo devia rever esta situação porque há muita miséria, muita miséria”, reagiu uma senhora com a sua vassoura nas mãos e olhos postos no contentor de lixo no bairro da Facada.

Em entrevista concedida ao Namibe Fala Verdade, cidadãos que vivem esta realidade proferiram palavras obscenas contra o Estado angolano por este não prestar assistência às familias carenciadas e justificaram que recorrem aos contentores de lixo por não ter outra saída. Da entrevista feita, apenas o cidadão Vasco Manuel falou dos seus rendimentos diários de 500 kwanzas, equivalente a 0,79 dólar americano por dia.

“Estou a recolher garrafas para vender no bairro Mandume ao preço de 5 kwanzas por cada vasilhame de água. Faço isto para poder comprar fuba para fazer funge e não temo contrair doenças porque não tenho como fazer, tudo fica nas mãos de Deus”, disse.

Teresa Tchilombo – Foto: NFV

Teresa Tchilombo, munícipe, disse que é “lamentou e sufocante” viver próximo do local onde existe maior concentração de lixo. 

“As nossas crianças não conseguem brincar e se entreter a vontade porque o espaço está engolido pelo lixo. Precisamos de ajuda urgente. Isso é um atentado para nossa saúde”, exigiu.

Para ouvir o contraditório, o Namibe Fala Verdade procurou a Administração Municipal, respectivamente os serviços comunitários de Moçâmedes, mas sem sucesso.

Esta tem sido a realidade de várias famílias que lutam para a sobrevivência diária na cidade capital da província do Namibe.

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