Recuos e avanços na Província do Cunene em debate no “Mwangolé” Fala Verdade

07.12.2020

Cunene é uma das Províncias de Angola que não conheceu o desenvolvimento do ponto de vista social, politico e infra-estrutural desde 1975, altura em que o país “arrancou” a independência por via armada das mãos dos colonialistas portugueses. 

Texto de Da Conceição Maria

O subdesenvolvimento da Provincia do Cunene circunscreve-se nas políticas públicas que nunca foram gizadas em prol do cidadão. Os conflitos internos no seio do MPLA á 27 de Maio de 1977, entre Agostinho Neto e Nito Alves, além de ter produzido um número elevado de pessoas assassinadas pelo grupo leal a Agostinho Neto, também produziu a cultura de medo no seio dos jovens que muitos preferiram emigrar para outros horizontes.

O partido dos camaradas arruinou assim a classe média e só quem se identifica com o MPLA de Agostinho Neto podia decidir e este ambiente levou a Província a letargia e consequentemente ao subdesenvolvimento que hoje tem a bandeira desta realidade o Município do Curoca.

Foi com este realismo que o espaço “Mwangolé Fala Verdade”, às quarta-feiras, edição do dia 18 de Novembro de 2020, debateu sobre os avanços e recuos da Província do Cunene com os convidados especiais e conhecedores dos problemas da Província do Cunene, Tchilalo João Muhala, docente universitário e presidente da associação dos académicos do Cunene e Pedro Mateus Manuel, docente de Língua Inglesa e formado em Ciências Morais e Cívicas.

Sem tabús, os convidados interagiram com as comunidades cunenenses que telefonaram para o “Mwangole Fala Verdade” abordando a realidade socio-politica-cultural e económica das terras de Mandume Ya Ndemufayo governada por Gerdina Didalelwa.

“Quando há vontade  em fazer acontecer aquilo que são os alicerces para o desenvolvimento de uma sociedade que é a liberdade de expressão e prejuízo sobre vários problemas que graçam a população é o mais importante”, respondeu Tchilalo João Muhala justificando a razão da sua presença no Mwangole Fala Verdade.

“O Cunene tem problemas sérios, a democracia é inexistente, muitos jovens natos da Província por falta de políticas para o engrandecimento da vida das populações foram-se obrigados a emigrar nas localidades vizinhas da Província, isto, é lamentável, vejamos que esta ProvÍncia é a mais pobre de Angola”, disse Pedro Manuel nas primeiras palavras de saudação aos ouvintes com os olhos postos para o Cunene. 

“O nepotismo, perseguição por aqueles que tentam criticar de forma justa as más acções dos membros do partido que governa (MPLA) na Província, o espírito de dependência geral, proibição da liberdade de expressão faz com que no Cunene  haja recuos significativos, isto tem se refletido nas péssimas condições de vida das populações da ProvÍncia”, disse Tchilalo, para quem o tribalismo apadrinhado pelos próprios governantes é um outro mal que regride o desenvolvimento do Cunene. 

“É preciso que a Governadora (Gerdina Didalelwa) perceba que o jovem de 1975 é diferente do jovem de hoje, nós vamos continuar a tocar na tecla para um Cunene melhor, não podemos cair na frustração de expectativas subsequentes as políticas de Estado falhadas. O melhoramento do Cunene passa por ter um governante que  entenda que o poder não deve ser politizado”, descreveu Tchilalo.

Vários jovens do Cunene participaram no espaço “Mwangola Fala Verdade” por via telefónica.” A saúde e a educação na nossa Província nunca foi das melhores, nos últimos dias piorou, lamenta viver numa província considerada eternamente a mais pobre do país, quando entendo que locais como o Cunene devia ter mais apoios do estado angolano para se virar o actual quadro sombrio que vivemos”, disse Paulino Hituamelo.

“Nós jovens do Cunene queremos que os governantes deste país nos esclareçam  o pecado que fizemos para termos destratados desta maneira: fome, miséria, falta de agua se o país é de Cabinda ao Cunene?”, questionou Lourenço Heilengue.

“A nossa Província carece do exercício de democracia, porque tudo aqui está partidarizado, isto tem atrasado o desenvolvimento da nossa terra”, disse Bruno Tchiyo.

“Em três anos tivemos cinco governadores, isto é atípico e prejudica de que maneira o desenvolvimento da nossa Província, se calhar tudo isto acontece por ausência de auto-crítica”, disse Pedro Mateus Manuel interagindo com os jovens participantes.

Tchilalo esclareceu que o tribalismo acentuado constitui um dos factores de retrocesso da Província do Cunene, as crispações sistemáticas de grupos etno-linguisticos está dividido em três grupos, os Nhanecas Humbi, Ovambo e Hereros, subdivididos por Muhumbis e Kwanhamas, que acabam sendo monções com preocupações a nível da nossa subscrição. 

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