Por: Da Conceição Maria.
A Província da Lunda-Norte é uma das mais ricas em recursos minerais que por meio desta enriquecem os cofres do Estado Angolano desde 1975 ano que foi concedida a independência de Angola. Tem como governador Ernesto Mwangala, desde 2008, a governação é marcada pelo falhanço das políticas de execução da satisfação das necessidades básicas da população, uma vez que a exploração diamantífera da Província produz cerca de oito milhões de quilates de diamantes por ano.
É nesta perspetiva que o espaço “Mwangolé” Fala Verdade realizou o debate das dificuldades sociais políticas e económicas da população da Lunda-Norte, com os convidados especiais, o Edvaldo Severino, Técnico de Identificação Civil Criminal do Ministério da Justiça e Rafael Bonito, Docente de História e Secretário Provincial do Sindicato Nacional dos Professores e Trabalhadores do Ensino não Universitário na Lunda-Norte, ambos activistas. “Sou natural de Luanda, vivo na Lunda-Norte a mais de 18 anos.
A Província apresenta muitos problemas em relação as restantes do país, a Lunda-Norte tem uma particularidade porque é produtora de diamantes, mas as dificuldades socias as mais graves. Os governantes daqui estão mais preocupados com a satisfação partidária do que social, o índice de desemprego é agressivo, a fome é alarmante, infelizmente aqui ninguém tem coragem de falar e se fala ou vai para o caixão ou perde o pão “ disse Edvaldo Severino na sua introdução.
Rafael Bonito na sua abordagem começou dizendo: faço uma avaliação medíocre a esta Província porque existem inúmeras dificuldades socias uma vez que pelas potencialidades económicas que a terra oferece é muito elevada.
“É preciso que o Governo local crie condições para melhorar a vida das populações. Aqui as cosas são muito paradas, nada desenvolve, nada vai para frente e como filho desta terra não estou satisfeito com esta situação” acrescentou. Entre os factos da realidade social, política e económica na população da Lunda-Norte os convidados abordaram o tema sem tabús.
“Os concursos públicos (online) realizados na Província têm sido a grande dificuldade das comunidades mais distantes da cidade capital, uma vez que, aqui tudo é péssimo, a internet e a energia elétrica são problemas que nunca conseguem resolver. As vias de acesso estão degradadas, o sistema de saúde e educação é o mais grave. A população daqui não sente os benefícios da exploração de diamantes, não vemos nenhuma responsabilidade social das empresas privadas que fazem exploração aqui a muitos anos” descreveu Rafael Bonito.
Edvaldo Severino ” A população da Lunda-Norte esta tentar adquirir o espírito de defesa dos direitos humanos, estou satisfeito com a tendência que os jovens que defensores de direitos humanos, críticos sociais têm levado a cabo uma vez que mais os governantes desta Província precisam de ser despertos ”
“A situação política nesta Província esta cada vez pior, a questão da liberdade de expressão e de imprensa ainda é uma luta. Já sofri perseguição e continuo a ser perseguido, recentemente os meus equipamentos informáticos foram apreendidos pelo sic que até hoje não entendi a razão. A Lunda-Norte precisa crescer em todos aspetos, mas se continuarmos com a política de que todos devem seguir a linhagem de pensamento e ideologia do partido que governa nada vai em frente, não é com a auscultação que vão resolver os problemas desta comunidade, queremos acções concretas” disse Rafael Bonito.
“ O povo desta terra só beneficia de poluição ambiental das empresas exploradoras de diamante, nós jovens não podemos admitir sempre isto, para mim, é uma vergonha que vocês que se deslocaram da Província do Namibe para espelhar e relatar a realidade da nossa Província perante ao mundo e por falta de energia elétrica terão que interromper o debate” lamentou Edvaldo Severino.
Esta foi abordagem da realidade social, política e económica da maior Província produtora de Diamante em Angola, denominada Lunda-Norte.