A Radio Cunene, emissora provincial da Radio Nacional de Angola, é, por lei, uma empresa pública, que tem por objecto social principal a prestação de serviços públicos de radiodifusão sonora.
Por: Xavier Siwana Pendu
E por se tratar de uma empresa pública, está rádio, no seu funcionamento, vive – ou sobrevive – dos impostos pegos pelos cidadãos, razão pela qual, está sujeito, não apenas à prestação de contas, como também à prestar o seus serviços no restrito interesse público.
Disso resulta que, ao público, entre outros, interessa, essencialmente, o exercício da liberdade de expressão, do direito à informação e, sobretudo, da participação na vida pública (política) – que são garantias constitucionais e que vão ao encontro da dignidade da pessoa humana -, através da radio. Não teria motivo de existência, enquanto radio público, se a RNA (local ou nacional) não se comprometesse, na sua atuação, com esses valores. Infelizmente, enquanto cidadão, que tem vindo, de um tempo a esta parte, a companhar os programas da Radio Cunene, com maior interesse para os de línguas locais, não é isso que constato. Confesso de ando descontente (para não dizer triste) com mau serviço prestado por esta estação radiofônica, sustentado com fundos públicos, portanto, dinheiro de todos angolanos, de Cabinda ao Cunene e do rico e endinheirado ao indefeso pobre. Passado trinta e um (31) desde que, formalmente, se enterrou a autocracia (passe o rigor do termo) e o monopartidarismo, e abriu-se à democracia, que consagra os direitos à informação e à participação política, a Radio Cunene (para não falar da RNA e da TPA) continua fechado a si mesmo, ao que convém (não sei a quem), não se abrindo ao povo, no sentido de dar-lhe voz e vz, à semelhanças do bom exemplo da Rádio Eclesia, que apesar das dificuldades de vário ordem com que vive, é hoje a única salvação do povo cunenês, nesse sentido.
Diria eu (e espero não estar louco) que, se dependesse de mim, melhor seria se os recursos financeiros dados pelo estado à Rádio Cunene fosse alocado à Eclesia. Pergunto-me (e a vós, e talvez aos dirigentes desta rádio): – Porquê que não dão espaço, nos seus/vossos programas radiofônicos, ao público, para que este possa dizer e partilhar as suas preocupações, anseios, expectativas sobre os seus inúmeros problemas? – Porquê que não fazem da Rádio uma plataforma de participação política dos cidadãos, na concepção e formatação de ideias sobre a governação, sobre a solução/ resolução dos seus problemas, ajudando, deste modo, os governantes a tomarem conta dos problemas do povo? Penso é hora de ler, interpretar e perceber os novos tempos e seus desafios. O povo anda farto deste mau serviço por vós prestado! O exemplo disso é que, a Emissora Católica no Cunene, apesar das limitações decorrentes das dificuldades que enfrenta, é hoje a Rádio de maior audiência nas zonas onde chega o seu sinal, se a compararmos com a Rádio Cunene. Por favor, olhe para o povo!.