PROBLEMÁTICA DA SECA NA REGIÃO SUL É FALTA DE VONTADE POLÍTICA DIZ PADRE VERDETE RIBAS.

21.05.2023
A Bacia hidrográfica Angola e o Canal do CAFU na província do Cunene vistos na lupa do Padre Verdete.

Por: Fonseca Tchingui

A bacia hidrográfica do Cunene e o canal do CAFU concebido para mitigar os efeitos da seca que naquela região sul de Angola já fez vítimas mortais com maior incidência na população bovina foi o tema abordado pelo Padre Verdete Ribas, do município do Tômbwa,(Namibe), nesta sexta-feira 5 de Maio de 2023, aqui em Moçâmedes,no espaço que lhe é reservado no Namibe Fala Verdade.
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, barba, a sorrir e óculos graduados

Padre Verdete Ribas, convidado residente NO NFV

Para o prelado católico, não existe seca no Cunene, e, argumentou: ”Quando você me diz que existe seca no Cunene, não existe seca no Cunene, existe seca nas nossas mentalidades. Porque falar da hidrográfica do Cunene? Em primeiro lugar é preciso saber o quê uma bacia hidrográfica. É o lugar onde recolhe todas as águas da chuva para único sítio.Esse único sítio é o Cunene. O rio Cunene é o nome do rio Cunene porque é onde está a bacia, depois dessa bacia é que vai para o oceano Atlântico. Agora, quando falamos de seca no Cunene, isto admira-me porque isto revela que de facto não há um estudo acabado vigente desde 1975 para cá, porque eu tenho conhecimento que em 1957 já estava completo o plano para abastecimento de água do Cunene até a Baía dos Tigres, até com uma feitura dum caminho-de-ferro que deveria sair da Matala , fazendo ligação do ramal da Matala, Huíla, Cunene, Namibe e Baía dos Tígres. O plano está feito, são quatro aquedutos e os lugares onde se poderia fazer acumulação de água Ôncua e outros sítios e que muitas das vezes parte dos nosso governantes, presumo, que ficaram com esses lugares onde seria o lugar para recolha de água”, sustentou a sua afirmação.

O Sacerdote defende planos bem gizados para abertura de valas ao invés de Chimpacas que na sua óptica não é solução mais viável para a contenção de água.
“Tem que fazer valas que façam a contenção de água, meter lonas no fundo para que a água não infiltrar, no máximo pode ser evaporada .É preciso fazer um planeamento para irrigação e para o gado” disse.
Mais adiante Padre Verdete Riba questionou: como é que nós temos feito o planeamento das águas da bacia hidrográfica do Cunene? Uma das que mais serve a nível de África Austral?”,indagou.
Referindo-se ao canal do CAFU, Verdete Ribas frisou que foi um projecto mal concebido, sem estudo de viabilidade.” O canal do CAFU foi mal concebido, porque não houve um estudo de viabilidade. Em 1957, os portugueses, nos programas que fizeram, para quem quiser consultar vai ao Instituto Ultramarino, que eu tive o privilégio de consultare e vi, que havia quatro aquedutos bem organizados e praticamente já estava orçamentado, tudo feito. Antes no Cunene, por causa da seca, as pessoas faziam sacrifícios desumanos, principalmente as mulheres virgens cortavam nos seios para fazer aqueles rituais, para que houvesse chuva, já no tempo de Nande. O Rei Mandume substituiu o Rei Nande, portanto, o português naquele tempo que queria desenvolver o sudoeste do país, Cunene e outras áreas via que de facto havia um problema que deveria ser resolvido. Tal modo que fizeram buscar os melhores engenheiros para fazer um levantamento básico do que é necessário e, que fizeram esses aquedutos. Por isso, é que para mim a seca no Cunene é um problema político, falta de vontade”, frisou.
O entrevistado do NFV, mostra-se disponível cooperar com o Executivo na concepção de projectos virados ao combate a seca, mas, lamentou o facto de ter encaminhado já um dossier sobre a matéria, depois de várias investigações feitas em Portugal, que presume não ter chegado ao então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ao Conselho de Ministros e a CEASTE .Eu escrevi para o Executivo em 2015, eu quis apresentar uma encomenda na altura O Senhor Presidente da República José Eduardo dos Santos. Escrevi para o Conselho de Ministros, mostrando toda a planta, todos os critérios e os livros que estavam consignados a questão da resolução do problema da seca no Cunene. Mandei, tenho registo, mandei para o Conselho de ministros, carta registada e mandei para CEAST, carta registada, a dar todas as directrizes e mapas, simplesmente fui ignorado. Tento mais que na altura o Secretário da CEAST era Sua Excelência Dom Dionísio, entreguei. Senhor Bispo recebeu a carta? Disse que não, provavelmente não chegou”, lamentou.
O Padre fechou a sua análise apelando mais seriedade Como é que o CAFU feito no Cunene está estragar e o mesmo canal feito na Matala (Huìla) está subaproveitado e até agora desde o tempo colonial não estragou? Não há seriedade naquilo que se faz, as pessoas vêem os milhões, então precisam de tirar as reservas estratégicas que temos fora para meterem aqui, argumentar para depois se dividirem.https://fb.watch/kFwVO_2X6E/

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