Igreja Católica reage às mortes de cidadãos angolanos em Cafunfo e pede inquérito independente

04.02.2021

 

Dom Maurício Agostinho Camuto

 

 

Por: Da Conceição Maria
Dom Maurício Agostinho Camuto, bispo de Caxito, condena a morte dos cidadãos angolanos causados pela polícia nacional na Vila diamantífera de  Canfunfo, no município de Cuango província da Lunda Norte, no passado dia 30 de janeiro.

“Esta notícia triste que nos chegou da Lunda Norte sobre possível ataque dos manifestantes à esquadra da polícia e a reação brutal da polícia contra os tais manifestantes onde houve mortes de cidadãos Angolanos tocou-nos bastante e deixou-nos boquiabertos admirados que ainda hoje passados tantos anos de paz tenhamos este tipo de atitudes. Sabemos que o movimento Proctetorado que defende as Lundas não é novo  já tem alguns anos de caminhada  e sabemos que o que eles pedem é o diálogo, sentar-se e dialogar com eles.

Como igreja pedimos ao governo que haja atitude de diálogo porque se não,  caminhar assim vai ser difícil. O país é de todos nós as actitudes nossas deve ser inclusivas sobretudo de quem governa e dirige a nação. Já houve vozes no passado que aqueles que foram protagonistas da guerra sobretudo comandos, os que estavam a frente dos militares, estes deveriam deixar e entrar em reforma porque muitos destes continuam com a mesma maneira de pensar, do tempo de guerra, actitudes bélicas e violentas e isto não é bom” disse Dom Maurício Agostinho Camuto.

“Temos vindo a assistir por parte da policia actitudes muito violentas nos últimos anos polícia tem a missão de proteger o cidadão e não matar, tem sido notório o rumo que a nossa polícia tem tomado nos últimos tempos concernente a violência aos cidadãos angolanos. Não estamos em guerra mas há sempre mortes provocadas pela polícia em Angola e mais uma vez os Superiores do Ministério do Interior aparecem em órgãos de comunicação social em defesa do agente para culpabilizar o povo que muito já sofre, desta forma, não vai haver mudança de comportamento de muitos polícias.
Entre o numero de mortos que houve,  não ouvimos que morreu algum policia e até agora não vimos no mínimo as imagens da esquadra esburacada pelas balas que teriam feito algum efeito, os ferimentos que vimos  nos policias pelas imagens, não são de balas.
Apelamos que se faça um inquérito sério e independente para se chegar a conclusão de quem são os culpados da situação, admira-me a atitude do Comandante da policia de não querer que se faça inquérito, morreram angolanos, ainda que fosse apenas um, é bom que se faça inquérito.
Nenhum angolano deve morrer mais hoje passados tantos anos de paz, sobretudo por reclamar um direito, quem já visitou as  Lundas sabe  como  é, a  miséria pela qual passa o povo, quando as pessoas reclamam é por alguma coisa e é porque também estão saturadas da situação. O povo não é culpado pelo que está a viver, alguém é culpado e soubemos quem é o culpado. Aquela imagem ficou muito feia, angolanos a arrastarem outros angolanos como se fossem animais, não é humano e não faz parte das nossas tradições angolanas, fico admirado de onde saíram estes Angolanos que são capazes de fazer isto (…)  ” Acrescentou.

José Mateus Zecamutchima, Presidente do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe

Enquanto isto, o Presidente do Movimento Protectorado Lunda Tchokwe José Mateus  Zecamutchima, foi indiciado judicialmente pelo Ministério do Interior por crime de rebelião.
“Tomei conhecimento a partir dos órgãos de comunicação social que estou foragido e fui indiciado pelos órgãos do Estado. Eu resido em Luanda, não sou foragido tenho meu advogado Salvador Freire localizado em Viana que também desconhece esta notificação porque não há nenhum documento formal a justificar mas estou disponível para prestar qualquer declaração ao governo de Angola junto à PGR, não tenho motivos para fugir e estou disposto a dar cara para quem quer que seja, já prestei muitas declarações em vários órgãos de comunicação social, não sou rebelde, acredito que o único rebelde que Angola conheceu é Jonas Savimbi que lutou pela democracia em Angola.” disse Zecamutchima.

Zecamutchima esclareceu que: ” o Movimento Proctetorado Lunda Tchokwe nunca teve ligações com grupos rebeldes Camunassaco do Congo e nem se envolve com feiticismo como está ser divulgado pelos órgãos de comunicação social nacional”.

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