Discriminação social das pessoas portadoras de albinismo em tempo de covid-19 em abordagem no “Mwangolé”

29.12.2020

Portadores de albinismo acusam o governo angolano de discriminação por não constarem da lista de pessoas consideradas de risco de contaminação da covid-19.

Por: Da Conceição Maria

O albinismo é a condição causada pela deficiência na produção de melanina. Pessoas com esse problema apresentam ausência de pigmentação. Dependendo do grau, apresentam alterações na cor dos olhos e cabelos. Neste contexto, o Namibe Fala Verdade debateu sobre a discriminação social das pessoas portadoras de albinismo em tempo de covid-19 no espaço “Mwangolé”, com os convidados Rafael Daniel, docente e o estudante Carlos Pereira Daniel, ambos portadores de albinismo.

Rafael Daniel disse que “tem sido habitual sermos postos sempre de lado socialmente”. Segundo o docente, o Governo angolano “esqueceu-se que somos vulneráveis não só pela pele, mas também na visão”. Rafael Daniel acredita que a covid-19 também se contrai pelos olhos.

“Os portadores de albinismo em Angola e na nossa Província do Namibe, em particular, estão com receio de sair de suas casas. Muitos pais com filhos albinos sentem receio de mandá-los para a escola porque, com o silêncio do governo, não sei se é de forma propositada ou por esquecimento (…) que o Ministério da Saúde até agora não se pronunciou sobre a nossa
condição”, realçou.

“É triste viver uma realidade de exclusão, e mais uma vez somos alvos e vítimas de esquecimento por parte do Estado. Não nos sentimos pessoas especiais, mas é preciso que o Estado angolano entenda que nós, albinos, temos uma vulnerabilidade em termos de saúde”, explicou Carlos Pereira Daniel.

Os jovens portadores de albinismo apelaram o fim da discriminação desta classe por não fazerem parte do pacote de pessoas de risco em Angola na pandemia da covid-19.

“Ninguém tem que ser discriminado em função da etnia, cor ou raça. Todos temos que fazer parte do pacote das mesmas medidas de prevenção da covid 19. Pessoas com albinismo devem ou não ser colocadas no pacote de risco?”, questionou Rafael Daniel. “Nos sentimos esquecidos e discriminados. Estamos cansados com esta situação”, acrescentou Carlos Pereira Daniel.

Para buscar o contraditório, o espaço “Mwangolé” contactou Miguel Pedro Ferreira “Coríntios”, porta-voz da Comissão Multissectorial de combate a covid-19 e director do Gabinete Provincial do Namibe de saúde, para responder as inquietações apresentadas pelos jovens portadores de albinismo.

“Esta franja da população não consta do pacote de pessoas de risco pelo simples facto de serem albinos em função do protocolo de saúde que o país adoptou”. Em nome do Governo Provincial do Namibe adiantou que “os portadores de albinismo não são imunodeficientes, daí que não se enquadram no pacote de pessoas de risco em tempo de covid-19”.

Rafael Daniel anunciou o surgimento para breve de uma associação de âmbito nacional que “vai fazer advocacia às pessoas portadoras de albinismo em Angola”.

“A associação vai surgir não só na prevenção, mas também na promoção da igualdade, protecção e consciencialização jurídica de pessoas que ainda maltratam, abusam e fazem coisas negativas contra pessoas portadoras de albinismo em Angola”.

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