Namibe: Fome nas comunidades mucubais em debate no Mwangolé Fala Verdade

16.03.2021

Doze (12) anciãos mucubais mandatados pelas comunidades falam da problemática da fome nas localidades muito afectadas pela seca na província do Namibe.

Por: Da Conceição Maria

Depois do registro das mortes de quatro cidadãos no Namibe por consequência da fome, três na localidade de Vityaviva no Município do Virei e um no Curoca Município do Tômbwa, as comunidades mucubais mostram-se preocupados com a situação da fome e pobreza que tem se agravado nos últimos tempos.

Face a esta realidade, o espaço Mwangolé Fala Verdade debateu nesta quarta-feira sobre a fome nas localidades mucubais, com os convidados especiais os 12 anciãos mucubais, mulher peixeira Maria Afonso e os activistas cívicos Afonso Ngangula, Caçador Mucongo e Pedro de Sousa.

” O excesso da fome nas localidades mucubais motivou os anciãos se dirigir ao Namibe Fala Verdade com o propósito de fazer chegar a mensagem ao Presidente João Lourenço que o povo está sofrer, uma vez que a situação está por em causa a existência das comunidades mucubais no Namibe porque a população já começou a emigrar na Namíbia a procurar de melhores condições de vida” disse Caçador Mucongo activista cívico nas comunidades mucubais na sua introdução.

” Afonso Ngangula, a nossa missão com activista social das comunidades mucubais é divulgar as dificuldades que o povo vive e exigir que o governo deia solução nos problemas sociais que aflige as populações”.

” O povo do Virei é que mais sofre com a fome na província em que ja vitimou três pessoas, o Município está ficar vazio porque a população está fugir e como exemplo dois mucubal foram mortos por jacaré quando tentavam atravessar o rio Cunene para a Namíbia” explicou

.

O debate contou com a intervenção do Nelo Domingos da Cruz por via telefónica deu o seu contributo.

” O executivo não está dar solução imediata ao povo e continuam alimentar a esperança de sofrimento a este povo, por isso os que passam dificuldades de fome e miséria não devem mais confiar no estado angolano. A população não deve continuar a viver de esmola que o governo angolano insisti dar, mas sim devem saber que estão a governar pessoas sérias” disse Nelo da Cruz.

” Os problemas sociais na província do Namibe está cada dia preocupante e já é o momento do povo dizer basta e nós activistas estamos cansados de bater sempre na mesma tecla” acrescentou.

Maria Afonso, mulher peixeira, nas veste de mãe lamentou as dificuldades que as poluções têm vivido nos últimos dias.
” A fome não está só nas comunidades mucubais, na cidade capital do Namibe a situação também é preocupante, o preço da cesta básica está muito elevado, hoje em dia muitas famílias como a minha só fazem uma refeição por dia” frisou.

Em representação das comunidades mucubais, que muito deles são antigos combatentes( ex FAPLA), os anciãos explicaram na íntegra as dificuldades que as comunidades passam, tendo em conta o agravamento da seca no Namibe.

“Estamos preocupados com a situação da fome, não queremos abandonar a nossa aldeia por causa das crianças que estudam, mas se as coisas continuarem assim vamos ter que abandonar a localidade para procurar melhores condições de vida” disse Kuita vindo da localidade de Kapolopoco no Virei.

” Kachangola, presidente João Lourenço o povo mucubal está sentir fome, viemos aqui pedir que mande os seus homens para ver na realidade as dificuldades que o povo passa. Temos também a questão da falta de medicamento que tem sido outra dor de cabeça para as comunidades mucubais, uma vez que não há dinheiro”.

Pedro de Sousa activista cívico em reação ás declarações dos anciãos mucubais disse:
” O sentimento é de pesar e de dor, ninguém se alegra em ver o sofrimento do povo, se não tem a capacidade de governar este povo demitam-se”.

“O sic está mais preocupado com os activista do que com aqueles que roubam os bens do povo, é preciso que se criam políticas sérias que visam a melhoria de vida das comunidades. Desafio o Presidente da República João Lourenço a responder como uma pessoa sem trabalho consegue comprar um quilo de fuba de milho a 500 kwanzas” acrescentou.

Por outro lado, na localidade do Elola na comuna do Yona Município do Tômbwa, terra dos muhimbas regista-se a morte de três pessoas por consequência da fome.

“A seca já levou a morte de todo gado e agora começou a matar as pessoas, por isso vim aqui anunciar ao governo que as pessoas vão acabar por morrer com fome se não haver ajuda urgente porque não tem mesmo comida nas casas ” disse ancião Vacahundja.

” As crianças não estão aguentar a fome, a situação no Elola está gravíssima, muitos estão a fugir no país vizinho, Namíbia e outros nem chegam de atravessar porque ficam sem forças e acabam por morrer pelo caminho” explicou.

Caçador Mucongo nos seus últimos minutos: os mucubais desde sempre foram amigos do Mpla e muitos deles trabalharam como activistas políticos para o partido, desde que a guerra acabou o povo ficou tapete. O que queremos é voltar no tempo do Agostinho Neto e criar um in internato para os nossos filhos estudarem e acabar com a ideia de que o povo mucubal é analfabeto.

” Eles não conhecem a realidade deste povo porque têm medo de se aproximar do povo porque já vêm a matar eles desde muito tempo, um governador e vice governador que não vem na Província, lanço o desafio ao governador Archer Mangueira tomar conta deste povo mucubal que muito sofre. Se não tiverem a conseguir, nós activistas estamos disposto a trabalhar com eles para tirar este povo da miséria porque o problema que essa população vive tem solução e não devia perdurar” frisou Pedro de Sousa nos seus últimos minutos.

“Afonso Ngangula, estes mucubais que estão aqui são antigos combatentes que não inserido na caixa social do estado, estamos a ouvir que o MPLA criou a política de dar terras para os ex militares, não é possível um ancião de 70 anos pegar na enxada para cultivar, a idade já não permite, a nossa luta vai continuar a vitória será certa” concluiu.

 

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