CAFUNFO: NOS PRIMEIROS TRES MESES DE 2021 EM FOCO

30.04.2021

Assassinatos, choros, perseguições, intrigas, humilhações e apelos marcaram os acontecimentos de Cafunfo nos primeiros três meses do ano de 2021

Por: Maria da Conceição e Armando Chicoca

30.04.2021

Tudo começou quando o movimento Proctetorado lunda tchokwe fazendo uso da Constituição angolana e em função das péssimas condições sociais oferecidas á população do leste, deu a conhecer as autoridades governamentais que sairia as ruas no dia 30 de Janeiro em todos os Municípios das Províncias do Leste. A vila diamantífera do Cafunfo, Município do Cuango e o Município de Capenda Camulemba foram as únicas localidades que resistiram a repressão popular pelas forças coligadas “FAA e POLICIA” neste protesto contra as péssimas condições de vida na região leste do país.

“A manifestação será amanhã mas a policia já está a fazer caça ao homem casa por casa invadindo nos membros do movimento Proctetorado para inviabilizar a marcha pacífica que pretendemos levar acabo amanhã dia 30 de Janeiro” disse Tchibitchica Tchimubi activista e membro do movimento Proctetorado em Cafunfo, numa altura em que Kapenda Kamulemba também era alvejado a tiro e sua residência saqueada.

Na manhã de sábado de 30 de Janeiro a vila de Cafunfo acordou com extrema violência dando lugar ao massacre aos membros do movimento Proctetorado que pretendiam pacificamente sair as ruas, resultando em várias mortes, feridos, vários desaparecidos e detenções sem culpa formada, enquanto que na Lunda Sul e Moxico a pressão das forças coligadas não deu espaço a movimentação dos potenciais manifestantes.FOTO: NFV

Em véspera de tensão na vila de Cafunfo, a polícia nacional fez o pronunciamento do que havia ocorrido á 30 de Janeiro, alegando que 7 cidadãos nacionais foram mortos por estes terem invadido a esquadra policial daquela localidade. Pronunciamento estes que encontraram reação por parte da associação mãos livres que defende os direitos humanos feita pelo presidente.

“O que aconteceu na Vila de Cafunfo é contra os direitos humanos, por isso pedimos que se faça um inquérito independente para se apurar a veracidade dos factos” reagiu Salvador Freire dos Santos.

A igreja católica não ficou de fora e também reagiu aos acontecimentos de Cafunfo. Dom Maurício Agostinho Camuto bispo de Caxito lamentou a morte dos cidadãos angolanos na vila diamantífera e apelou o diálogo.

“Não podemos nos manter calados diante de situações que põe em causa a paz e estabilidade dos angolanos. A igreja Católica é a favor do diálogo e calar das armas para que a população viva em união” disse o prelado Católico.

Nos primeiros dias de fevereiro, vários familiares das vítimas reclamaram do desaparecimento dos corpos de seus familiares na casa mortuária de Cafunfo na calada da noite, alegando terem sido deitados no rio Cuango mantendo apenas sete constantes na comunicação feita pela policia.

“ Tivemos a informação que retiraram os corpos da casa mortuária na calada da noite deitaram no rio Cuango e os demais feridos foram levados com um helicóptero na cidade capital da Lunda Norte sem aviso aos familiares” confirmou ZecaMutchima Presidente do movimento Proctetorado.

Há 9 de Fevereiro o líder do movimento Proctetorado lunda tchokwe Zeca Mutchima foi detido na província de Luanda onde se encontrava, detenção esta confirmada pelo seu Advogado Salvador Freire dos Santos.
Ainda em Fevereiro vários foram os relatos de continuidade de perseguições levadas a cabo pela polícia e FAA na vila diamantífera de Cafunfo onde muitos membros do movimento Proctetorado Lunda tchokwe foram obrigados a fugir para as matas incluindo a autoridade tradicional “muangana” Mwacapenda Kamulemba.

O secretário geral do movimento Proctetorado Fiel Buaco revelou ao NFV que há indivíduos treinados pelo partido no poder para desestabilizar o movimento com pronunciamentos tendenciosos.

“O MPLA está usar Ex membros do movimento para fazerem pronunciamentos aos órgão de comunicação para passar má imagem do movimento mas nós estamos atentos a estas manobras e saberemos dar tratamento as questões que põem em causa o bom nome do Proctetorado” disse. que se intitulou como vice presidente do movimento é um infiltrado e fez saber que o estatuto do movimento não existe este cargo e acredita que vários indivíduos preparados pelo partido que governa fazem se passar por dirigentes do movimento Proctetorado para puder destruir.

Em março Mwacapenda Kamulemba autoridade tradicional tchokwe reaparece e revela que o massacre de 30 de janeiro em Cafunfo resultou em 174 mortes.

“ Eu sou o Mwiana Ngana e tenho a contabilidade geral de quantas pessoas morreram por é minha responsabilidade tomar conta deste povo, sou o dono da área. O estado angolano não tem domínio de quantas pessoas porque não se importa com este povo porque nos vê como inimigo. Neste momento venho exigir que o governo do MPLA que liberta o meu povo e para com as perseguições que têm levada a cabo desde janeiro” reagiu.

Nos últimos dias os membros do Movimento Proctetorado Lunda Tchokwe vivem da esperança de libertação dos líderes Zeca Mutchima e Mwacapenda Camulemba que se encontram detidos até hoje por razões não bem esclarecidas.

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