PORTO DO NAMIBE: 70 ANOS DE EXISTÊNCIA COM PROJECTOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NA REGIÃO

O Porto do Namibe completou 70 anos de existência, na esteira de projectos com peso no desenvolvimento sustentável da região.

Por: Esmael Pena

As valências económicas da região, com o objetivo de potenciar a carteira de negócios do Porto do Namibe, o impacto da activação e desenvolvimento do Corredor do Namibe na dinamização da Cadeia de Valor do Porto do Namibe, explorando as oportunidades de crescimento e integração regional, os principais desafios da operacionalização de projectos, no âmbito da Cadeia de Valor do Porto do Namibe, bem como, as medidas que visam potenciar o ambiente de negócios da região, são objectivos do Primeiro Fórum sobre a Cadeia de Valor do Porto do Namibe, que decorreu sexta-feira 24 de Maio, na cidade de Moçâmedes (Namibe), ponto mais alto das celebrações dos 70 anos de existência da empresa portuária.

O evento que terminou sábado 25, visa por outro lado, promover um diálogo aberto com os potenciais intervenientes, e influenciadores da Cadeia, perspectivando a captação de investimentos, e estabelecimento de parcerias e acordos comerciais. A especificidade do fórum reside no facto de apresentar a actividade do Porto, e o seu contributo para o desenvolvimento regional, através da sua Cadeia de Valor, conhecer e absorver as vantagens logísticas e competitivas trazidas pela activação do Corredor do Namibe, visando optimizar o fluxo de mercadorias e serviços através do Porto da província, e fortalecer a sua posição estratégica no comércio regional e internacional.

 

O Secretário de Estado para os sectores de aviação cívil, marítimo e portuário, Rui Carreira, que declarou abertura da agenda de debates, em representação do Ministro dos Transportes, Ricardo Viegas de Abreu, ressaltou na sua intervenção, o hinterland do Porto do Namibe e a importância do projecto integrado de desenvolvimento da Baía de Moçâmedes, no desenvolvimento industrial, logístico e serviços do sul de Angola, é capaz de tornar o Porto do Namibe uma referência na África Meridional.

‘’O hinterland do Porto do Namibe, que abrange as províncias do Namibe Huíla, Cunene e Cuando Cubango, possui mais de 4 milhões de habitantes e apresenta solos economicamente muito diversos e ricos. Essa riqueza possibilita o desenvolvimento de sectores como a agroindustrial, agricultura, recursos minerais, petróleo, madeira e turismo, sendo estes elementos cruciais para elevar a posição de Angola na economia global. O governo de Angola através do programa de investimentos públicos, aprovou em Junho de 2018 um projecto integrado de desenvolvimento da Baía de Moçâmedes, que já está em andamento desde 2022.  Este projecto ambicioso visa transformar o Porto do Namibe, num dos maiores pólos de desenvolvimento industrial, logístico e de serviços do Sul de Angola, tornando-o uma referência na África meridional. Com eficiência pretende-se exportar os grandes volumes de ferro concentrados na Jamba, província da Huíla e município do Cuchi, província do Cuando Cubango, sem se olvidar das rochas ornamentais abundantes na região, e outros recursos de grande importância”, ressaltou.

 

Noutro passo da sua locução, Rui Carreira apelou aos intervenientes da Cadeia de Valor, no sentido de não olharem apenas a esse segmento na perspectiva de extração e exportação das matérias-primas, mas transformá-las localmente.

“Diante disso, apelamos aos intervenientes da cadeia de valor, a olharem para esse segmento, não apenas na perspectiva da extração e exportação das matérias-primas, mas também transformá-la localmente. Logo, a aposta na indústria transformadora é fundamental para esse propósito”, advogou.

 

Mais adiante, o governante explicou que:

“O plano de desenvolvimento nacional 2023-2027, perspectiva um sector de transporte sustentável, que actua como catalisador do crescimento económico da competitividade, da mobilidade dos cidadãos e da integração regional”, e defendeu a necessidade do lançamento urgente do Corredor do Namibe, que tem o Porto do Namibe como ponto de partida. “Este desígnio, reafirma a necessidade urgente do lançamento do Corredor do Namibe, cujos estudos estão em curso. Por sinal, este corredor tem o Porto do Namibe como ponto de partida. Além disso, o relançamento da cabotagem é inadiável, e tem sido objecto de nossa atenção como forma de reduzir as assimetrias regionais. Os intervenientes da Cadeia de Valor do Porto do Namibe, com destaque para o Caminho-de-Ferro de Moçâmedes, que se pretende modernizar para estar à altura dos investimentos em curso, desempenham um papel fundamental na perspectiva de um ambiente de negócio sustentável na região, conectando os centros de produção, e posteriormente o norte da Namíbia e os países encravados”, disse.

 

O representante do Ministro dos Transportes ao Fórum, advogou igualmente a necessidade de se dotar o porto do Namibe, com meios tecnológicos modernos, para que responda aos desafios regionais.

“Ao observarmos os actuais padrões operacionais dos portos, a nível  mundial e regional, fica claro que o uso das tecnologias é fundamental para a eficiência e competitividade  portuária. Portanto, se quisermos que o Porto do Namibe responda aos desafios regionais, devemos unir sinergias para dotá-lo de meios tecnológicos modernos, que melhorem sua eficiência operacional”, sustentou.

 

Por seu turno, o Vice-Governador em exercício do Namibe, Abel do Rosário Kapitango, que fez as honras da casa, apontou as valências do projecto integrado de desenvolvimento da Baía de Moçâmedes, depois de concluído.

“O novo projecto integrado de desenvolvimento da baía de Moçâmedes, com o terminal de contentores modernos e um novo terminal mineraleiro, cuja conclusão está projectada para o último trimestre do próximo ano, irão oferecer todas as condições para o comércio internacional, capa de valorizar as grandes potencialidades da nossa região. A ligação com o caminho-de-ferro de Moçâmedes, impulsionará o desenvolvimento da região a custos mais competitivos, do que os que verificamos actualmente. Teremos então criadas todas as condições para o pleno aproveitamento com a sua exploração sustentável, e o seu escoamento do potencial de toda a região da costa ao hinterland” ́, frisou.

 

Abel Kapitango fez notar ainda as potencialidades da região impulsionadas pelo Porto do Namibe.

’’O potencial mineiro industrial de ferro ou mármore, granito, pedras preciosas e pedras raras, o potencial piscatório e o potencial agropecuário, além do desenvolvimento dessas indústrias impulsionadas pelo Porto do Namibe, temos em perspectiva o desenvolvimento de serviços de apoio à toda a cadeia logística envolvida. Todas essas actividades fortemente geradoras de rendimento e criadoras de emprego, com impacto na diversificação das exportações, e no aumento da capacidade de gerar divisas”.

 

Na visão do também Vice-governador para o sector político, económico e social, “não é  menos importante, a nova infraestrutura portuária, também tem condições para participar na promoção do turismo, nomeadamente pelo aumento da frequência das escalas de navios cruzeiros, cujos passageiros irão usufruir e propagar tudo o que temos para oferecer, à quem nos visita’’.

 

Seguiu-se depois a apresentação do historial do Porto do Namibe pelo Presidente do Conselho da Administração, Nazareth Neto. Participaram do Primeiro Fórum sobre a Cadeia de Valor do Porto do Namibe, representantes de vários departamentos ministeriais, dos governos provinciais da região sul, investidores e financiadores de vários projectos, e quadros do Ministério dos Transportes. O Porto do Namibe completou sexta-feira dia 24 de Maio, 70 anos de existência.